19/01/2018 - 18:00
O jesuíta Francisco cumpriu na semana passada o calvário que os chilenos têm reservado a papas que pisam em seu território. Em 1987, quando João Paulo II visitou Santiago, a população o hostilizou e acusou o Vaticano de ser conivente com a sanguinária ditadura militar de Augusto Pinochet. Agora foi a vez de Francisco. Cumprindo a sua missão de tentar estancar a evasão de fiéis na América Latina, ele não ganhou sequer um devoto a mais, vivenciou o repúdio de grande parte da população – que foi truculentamente reprimida pela polícia em suas manifestações – e constatou o que dizem as estatísticas: se o Chile já teve cerca de 70% de sua população voltada à fé católica, hoje esse índice não passa de 45% entre os quase 19 milhões de habitantes. O motivo da revolta são os casos de pedofilia na Igreja, principalmente o que envolve o ex-sacerdote Fernando Karadima, acusado de abuso de 75 adolescentes. De nada adiantou o pedido oficial de desculpa feito por Francisco durante o seu encontro com a presidente Michelle Bachelet e o presidente eleito Sebastián Piñera. “Eu peço perdão e me comprometo a garantir que isso nunca volte a acontecer”, disse ele. A difícil jornada de Francisco, no entanto, não terminou aí. Os índios mapuches, em luta com tropas do governo pelo reconhecimento de suas terras, não aceitaram a sua mediação pela paz – fato raríssimo na história diplomática do Vaticano. Mas, nessa mesma região, ele conseguiu certo apoio ao celebrar missa pelas vítimas do regime de Pinochet, antes de embarcar para o Peru como estava agendado. Com a missa, é como se tivesse feito os chilenos absolverem o Vaticano quanto à omissão no caso de tortura e morte de presos políticos. Resta saber, agora, se um futuro papa conseguirá absolvição similar em relação à pedofilia.
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servidores federais pediram aposentadoria entre janeiro e novembro do ano passado – é o maior número de pessoas desde 1998 e representa um crescimento de 46,75% em relação ao mesmo período do ano anterior (14.563 servidores) Um dos motivos, segundo o próprio governo, é a perspectiva de mudanças nas regras com a reforma da Previdência.
COMPORTAMENTO
A epilepsia e a condução de veículos
Considerada a mais antiga e mais estudada das enfermidades psiquiátricas, a epilepsia existe em diversos graus e, na maioria deles, não é uma doença que impeça o seu portador de exercer atividades normais. Para isso é imprescíndivel, no entanto, que o epilético tome diariamente a medicação adequada. Tal afecção se dá pela perda repentina da consciência, seguida de convulsão. Até a tarde da sexta-feira 19 não havia resposta se o motorista Antonio Anequim estava ou não devidamente medicado quando entrou em crise na noite anterior, perdeu o controle do carro e invadiu o calçadão da avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio Janeiro: matou uma criança de oito meses e feriu 16 pessoas. Segundo a polícia (também até a sexta-feira), no veículo havia caixas de remédios e exame apontou que ele não fizera uso de bebida alcóolica nem de outras drogas. Pesa contra Anequim, porém, o fato de estar dirigindo com a habilitação suspensa e de já ter passado por acidente com moto. Foi indiciado por homicídio sem intenção de matar. As leis permitem, a partir de aval médico, que epiléticos tenham habilitação, mas não podem, por exemplo, conduzir táxis ou demais meios de transporte público.
JUSTIÇA
Tranca dura para Eduardo Cunha
O MPF pediu à 10ª Vara Federal de Brasília que condene o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha a 386 anos de prisão pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e prevaricação. Quer ainda que Cunha pague multa de R$ 13,7 milhões (dobro da propina que recebeu). Para Eduardo Alves, que também presidiu a Câmara, os procuradores pediram 78 anos de cadeia. No Brasil, ninguém fica preso por mais de 30 anos. Mas condenações com penas altas são importantes porque, assim, matematicamente não há chance, com o correr do tempo, de se obter regime semiaberto. As três décadas são cumpridas com o sentenciado na tranca.
LEILÃO
Carro preferido de Hitler consegue lance máximo de US$ 7
Não mereceu mais que US$ 7 o maior lance dado pelo Mercedes Benz 770K Grosser, carro que pertenceu ao ditador nazista Adolf Hitler. Blindado, conversível e preto, era o seu automóvel predileto. Foi a leilão nos EUA mas acabou não sendo vendido por causa do valor irrisório que alcançou. O seu proprietário é um milionário russo que sonhava (doce ilusão!) embolsar US$ 10 milhões, prometendo destinar 10% desse montante à fundação Simon Wiesenthal (dedica-se à educação sobre o Holocausto). A Mercedes produziu 88 unidades de tal modelo. O carro foi utilizado por Hitler em diversas ocasiões, inclusive quando o ditador italiano Benito Mussolini visitou a Alemanha em 1940.
SOCIEDADE
O pescoço da rainha
Estourou de sucesso no Reino Unido um documentário especial da BBC que foi ao ar na semana passada. Nele, a rainha Elizabeth II falou pela primeira vez, publicamente, sobre a sua coroação que completará 65 anos em junho de 2018. Eis dois dos melhores pontos. O primeiro: a rainha Elizabeth contou o quanto seu corpo sofreu na carruagem de ouro que a levou do Palácio de Buckingham à abadia na qual monarcas são coroados. “Foi horrível, a carruagem não é nada confortável”. O segundo trecho: “você não pode olhar para baixo para ler o discurso no Parlamento, tem de olhar para frente, porque senão o seu pescoço pode quebrar, de tão pesada que é a coroa”. A rainha está com 91 anos.