O chileno Nicolás Zepeda, julgado na França pelo assassinato de sua ex-namorada japonesa Narumi Kurosaki em 2016, denunciou nesta segunda-feira (18) uma “acusação terrível”, no início de seu interrogatório após duas semanas de processo.

“Esperei muito por este momento, apesar da pressão, do estresse. É uma acusação terrível por algo que não fiz”, disse Zepeda, de pé no banco dos réus do tribunal de Vesoul (leste).

“O momento chegou. Estou pronto para responder a perguntas. Não tenho medo de respondê-las”, acrescentou ele, que nega ter matado Kurosaki na madrugada de 5 de dezembro. O corpo da vítima nunca foi encontrado.

O chileno foi condenado em primeira instância em 2022 a 28 anos de prisão pelo assassinato premeditado da jovem japonesa em sua residência estudantil em Besançon (leste), mas recorreu à sentença. Agora enfrenta prisão perpétua.

Zepeda começou a responder às perguntas do presidente do tribunal de apelação, François Arnaud, sobre sua relação com Kurosaki e a separação de ambos.

“Os dois são ciumentos, até certo ponto”, confessou o acusado, contando os últimos meses de seu relacionamento no Japão antes da jovem ir para a França e as discussões subsequentes.

Embora tenha garantido que “apoiou” a ex-namorada em sua decisão de estudar no continente europeu, apesar de uma “relutância inicial”, ressaltou que acabou decidindo que não podiam continuar juntos e que ela devia deixá-lo.

O interrogatório é anunciado como extenso e pode continuar na terça-feira.

A audiência foi adiada diversas vezes. Na última quinta-feira (14), Arnaud suspendeu o julgamento após Zepeda ter relatado que foi agredido por guardas penitenciários.

O veredito da apelação é esperado para quinta-feira (21). No caso de uma nova condenação, a defesa poderia recorrer ao Tribunal de Apelação, que poderia ordenar um novo julgamento se considerasse que o procedimento judicial não foi respeitado.

tjc/jvb/yr/dd