O chileno Nicolás Zepeda, julgado pelo assassinato da ex-namorada Narumi Kurosaki em 2016 na França, reconheceu nesta quarta-feira (6), pela primeira vez em sete anos, a sua presença na residência estudantil onde vivia a jovem japonesa.

“Estava em Besançon há um ou dois dias. Entrei para bater à porta de Narumi e ver se ela podia tomar um café”, declarou em francês no banco dos réus no tribunal de Vesoul (leste).

Zepeda, de 32 anos, recorreu da sentença de 2022 de 28 anos de prisão pelo assassinato premeditado de Kurosaki, cujo corpo desapareceu. No julgamento em curso, ele corre novamente o risco de prisão perpétua.

A sua declaração sobre a sua presença no edifício dias antes do desaparecimento de Kurosaki surpreendeu o tribunal, cujo presidente, François Arnaud, perguntou por que ele entrou na residência.

“Eu queria que as coisas estivessem em ordem”, explicou ele. No momento da separação, “conversamos (…) sobre renovar a nossa amizade e eu queria uma resposta para essa pergunta”, acrescentou.

O acusado alegou que omitiu esta informação porque tinha “vergonha” de admitir que queria reatar a relação.

“Agora não tenho mais medo. Estou aqui para contar tudo. Se algum dia eu menti ou omiti algo, eu contarei”, acrescentou.

A informação veio por pressão do próprio advogado de defesa, Renaud Portejoie, após depoimento de uma ex-aluna, Nadia Ouaked, que afirmou tê-lo visto em uma cozinha da residência.

“Vi um menino sentado no chão atrás da porta, enrolado. (…) Seus olhos estavam inchados, como se ele tivesse chorado muito (…), tive pena dele”, acrescentou a jovem de 31 anos.

“Está ouvindo. Ela não está aqui para acertar contas. Ela sentiu pena”, disse Portejoie ao seu cliente. “Obviamente, ela não está mentindo. Estou lhe dizendo o que penso. Tem certeza de que não entrou no quarto andar?”, ele perguntou.

Cansado, Zepeda cedeu e, quando questionado por seu advogado, também reconheceu que o motivo da sua viagem à Europa foi “essencialmente para ver Narumi”. Ele sempre afirmou que teria ido para participar de um congresso na Suíça.

“São duas mudanças importantes nas declarações”, celebrou o promotor, Étienne Manteaux.

O processo de recurso tem duração prevista até 22 de dezembro.

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