O governo do Chile voltou a ordenar, nesta segunda-feira, a militarização da região de La Araucanía, diante do aumento da violência em meio a reivindicações de terras de indígenas mapuches.

“Decidimos fazer uso de todas as ferramentas para fornecer segurança”, disse a ministra do Interior, Izkia Siches, após anunciar que militares voltarão a ser mobilizados no sul do país, uma medida que o presidente esquerdista, Gabriel Boric, comprometeu-se em campanha a levantar.

As forças militares haviam sido mobilizadas na região de La Araucanía e em localidades da região vizinha de Biobío em 12 de outubro de 2021, por ordem do governo do conservador Sebastián Piñera. Em sua campanha eleitoral, Boric prometeu retirar os militares daquela área, medida que concretizou em 27 de março.

Após tentar aprovar no Congresso um destacamento “intermediário” de militares, com presença restrita a poucos lugares, e frente ao aumento dos ataques incendiários, o governo Boric teve que voltar atrás e recorrer novamente à medida de emergência, para proteger o local.

A ministra do Interior explicou que, juntamente com o novo decreto do “Estado de Emergência”, que permite o envio das forças militares, terá continuidade a política de diálogo com as comunidades mapuches e uma política mais ampla na compra de terras.

Primeiros habitantes do Chile e da Argentina, os mapuches são o principal grupo étnico chileno. Algumas comunidades instaladas no sul do país reivindicam há décadas a restituição de terras que consideram suas por direitos ancestrais e que hoje estão nas mãos majoritariamente de empresas florestais e agricultores.

Grupos radicais indígenas reivindicaram a autoria de parte dos ataques, embora também haja denúncias de atuação naquela área de grupos de autodefesa de empresas florestais, grupos dedicados ao roubo de madeira e criminosos comuns.

“Em qualquer conflito social, cultural e histórico, os militares representam o fracasso da política. Aconteceu com Piñera e agora, pelo visto, com o jovem governo de Gabriel Boric”, comentou o jornalista mapuche Pedro Cayuqueo em sua conta no Twitter.