Chile e Google vão instalar cabo de fibra óptica entre América do Sul e Ásia-Pacífico

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O Chile e o Google assinaram nesta quarta-feira (4) um acordo para a instalação do primeiro cabo submarino de fibra óptica que conectará a América do Sul à região Ásia-Pacífico, uma alternativa às rotas existentes que proporcionará maior velocidade de conexão entre essas regiões.

Até agora, a conexão digital do sul do continente americano é feita apenas por linhas que passam pelo norte.

O chamado cabo “Humboldt” passará pelo Pacífico, conectando a região chilena de Valparaíso a Sydney, na Austrália, passando pela Polinésia Francesa, com uma extensão total de 14.800 quilômetros.

A iniciativa é “a primeira a conectar diretamente a América do Sul e a Ásia-Pacífico”, segundo o Google, e deve estar operacional em 2027.

Ao anunciar a parceria em janeiro de 2024, o governo chileno informou que o cabo terá uma capacidade de 144 terabytes por segundo e uma vida útil de 25 anos.

“Este cabo não apenas responde a uma necessidade técnica, mas também representa um compromisso com a resiliência, a diversificação de rotas digitais e a abertura de novas possibilidades de colaboração internacional”, disse o chanceler chileno, Alberto van Klaveren, na cerimônia de assinatura do acordo.

O cabo tem o potencial de beneficiar países vizinhos como Argentina, Paraguai e Brasil.

“Em um contexto internacional marcado por crescentes tensões geopolíticas e por uma competição estratégica que também se manifesta no âmbito das tecnologias emergentes, iniciativas como o projeto Humboldt adquirem uma relevância particular”, acrescentou o chanceler.

Com o contrato assinado, é criada a Humboldt Connect, a primeira empresa que o Google estabelece no mundo em parceria com um Estado; neste caso, a empresa chilena Desarollo País, focada em gerar investimentos para projetos estratégicos para o Chile.

A rota direta do cabo Humboldt permitirá uma menor “latência”, que é o tempo que um sinal leva da emissão até a recepção, explicou o ministro de Transportes e Telecomunicações, Juan Carlos Muñoz.

“Essa fração de segundo pode ser a diferença entre uma boa ou uma não tão boa intervenção” em medicina a distância, exemplificou.

Embora o Google, de capital americano, não tenha revelado o valor de seu investimento, o diretor-geral da Desarollo País, Patricio Rey, afirmou que o projeto inicialmente considerava um valor total entre 300 e 550 milhões de dólares (entre R$ 1,68 bilhão e R$ 3 bilhões).

O Estado chileno contribuirá com cerca de 25 milhões de dólares (R$ 141 milhões).

A próxima fase do projeto será delegar a um operador independente a tarefa de vender a capacidade do cabo no mercado e oferecê-la a diferentes atores.