A ministra chilena do Meio Ambiente, Maisa Rojas, assumiu nesta sexta-feira (8), junto com ministra-assistente australiana para Mudança Climática e Energia, a senadora Jennifer McAllister, um dos mais complexos grupos de trabalho da COP28: o que trata da adaptação à mudança climática.

A reta final das negociações em nível ministerial na 28ª conferência sobre o clima da ONU teve início nesta sexta, sob a presidência dos Emirados Árabes Unidos.

O rascunho global foi dividido e distribuído entre quatro grupos de trabalho, cada um copresidido por dois ministros. Os grupos são: equilíbrio mundial (de combate à mudança climática), medidas de mitigação, medidas de adaptação e meios de implementação.

Trata-se de uma dinâmica comum na COP, que visa a facilitar a conclusão dos trabalhos entre hoje e a próxima terça-feira (12).

Todos os textos estão prontos para que os ministros façam as alterações necessárias, com base nas contribuições das partes negociadoras. A única exceção é o documento referente à adaptação.

“Esse foi o resultado da primeira semana (da COP28), que era para avançar em toda a parte técnica e chegar a um texto que refletisse todo o trabalho que foi feito”, explicou a ministra chilena à AFP.

“E o que aconteceu foi que não houve uma discussão substantiva, ou seja, eles nunca conseguiram sentar e olhar o texto, discutir de que parte gostaram, do que não gostaram, o que poderia ser melhorado…”, acrescentou.

Desempenhado pelo que se conhece como órgãos subsidiários (especialistas), esse trabalho técnico é essencial para que os ministros cheguem à reta final com todas as opções sobre a mesa para tomarem decisões políticas.

“A estratégia da presidência (da COP28) é que estes órgãos subsidiários vão continuar consultando as partes para tentar destravar a parte técnica e, em paralelo, nós temos que desbloquear a parte política”, afirmou.

Em vez de receber apenas contribuições dos ministros, Rojas e McAllister terão de combinar isso com os técnicos.

– “Primo pobre” –

A adaptação é o “primo pobre” das negociações climáticas, nas palavras de Jennifer Allan, especialista do Earth Negotiations Bulletin.

O setor de mitigação tem objetivos claros e “vendáveis”, começando por limitar o aumento da temperatura global a +1,5°C.

Quanto às finanças, os números também são diretos: por exemplo, que os países ricos deveriam, em princípio, transferir US$ 100 bilhões anuais (R$ 489 bilhões) para os países em desenvolvimento.

Já a adaptação é uma política “hiperlocal”, nas palavras de um recente relatório do Instituto de Recursos Mundiais.

Embora existam estimativas globais sobre o quanto deveria ser gasto, a mudança climática não afeta uma ilha do Pacífico da mesma forma que uma capital como Londres, ou um país como a Arábia Saudita.

“Estamos todos extremamente comprometidos. Todas as partes declararam que deve haver um resultado importante na adaptação, que este marco deve sair”, garantiu Rojas.

A ministra chilena antecipou duas armadilhas importantes.

Por um lado, o termo “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, ou seja, que todos os países enfrentam o mesmo desafio, mas que alguns (os países que mais emitem Co2) são mais responsáveis do que os restantes.

Por outro, ainda não está claro como abordar a transferência de tecnologia e o financiamento, que, de novo, é uma responsabilidade dos países desenvolvidos em relação aos em desenvolvimento.

A mensagem conjunta deve ser simples para unir vontades, explica Rojas.

“Acho que gira em torno do conceito de resiliência: um mundo resiliente à temperatura de 1,5°C”, propõe.

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