Chico Buarque evita protestos em estreia paulistana
O cantor e compositor poderia ter incendiado a plateia com suas canções engajadas no show “Caravelas” da Tom Brasil na quinta-feira. Mas preferiu romantismo e lamentos da exclusão social

O cantor Chico Buarque (Crédito: Luís Antônio Giron)
O cantor e compositor carioca Chico Buarque tem 73 anos de idade e 52 de carreira, tempo suficiente para distinguir entre o momento de fazer barulho e o de ser suave. Na estreia do show “Caravelas”, em 1º de março na Tom Brasil em São Paulo, preferiu a meditação à estridência.
Chico é autor de canções de protesto político que poderiam ter sido entoadas pelo público do espetáculo, sedento de palavras de ordem. Um público curiosamente formado por artistas de televisão, jornalistas e celebridades, que tentou por duas vezes puxar o coro “Fora, Temer!”, sem sucesso, porque Chico abafou as manifestações políticas. Preferiu enfatizar a questão da exclusão social, trazendo músicas como “Malandro”, “A Volta do malandro”, “Diz que deu, diz que dá”, “Geni” e “Caravelas”, a melhor música do disco epônimo, que assume a voz da elite do Leblon horrorizada com a invasão de sua praia por negros da favela.
Show de Chico não costumam ser eventos de palanque e muito menos shows propriamente ditos. São, na verdade, encontros entre o artista e seus devotos. Há momentos em que as fãs mais exaltadas se declaram aos berros ao ídolo – isso acontece há meio século sem interrupções; soa como uma maldição.
Não há um roteiro fixo. O artista canta o que lhe ocorre no momento: “Retrato em Branco e Preto”, “Esquinas”, “Vitrines”, “Yolanda”. Ele pareceu mais relaxado que no passado, e tem cantado com expressividade e até mesmo afinação.
Chico é acompanhado por uma velha banda de grandes músicos que não saem da auto-indulgência e da zona de conforto: nenhum arranjo novo, nenhum achado e uma profusão de vazios harmônicos. Enfim, o grupo só vale mesmo porque soa antiquado, soa um som dos anos 1970 quando ser negligente era perdoado. Fato que beneficia o clima nostálgico e melancólico da apresentação, adequado ao estado de espírito do brasileiro hoje. O show é histórico, no sentido da carga de saudade e de grandes canções que ele traz à tona. Chico mostra que o Brasil experimentou tempos de canções melhores. Hoje vivemos a Era da Extinção da MPB.
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