MILÃO, 19 DEZ (ANSA) – A defesa da empresária Chiara Ferragni apresentou nesta sexta-feira (19) suas alegações finais no processo em que ela é ré por fraude agravada em campanhas beneficentes, escândalo que abalou o império da influenciadora digital mais seguida da Itália.
Ferragni chegou ao Tribunal de Milão com antecedência, acompanhada dos advogados Giuseppe Iannaccone e Marcello Bana, e deu uma breve declaração à imprensa durante um intervalo da audiência. “Escutei os meus defensores e estou tranquila e confiante”, disse a influencer, que alega ser inocente.
O Ministério Público pediu a condenação de Ferragni a um ano e oito meses de prisão e afirma que a empresária enganou seguidores e consumidores, obtendo lucros indevidos de 2,2 milhões de euros (R$ 14,3 milhões) com a venda de pandoros (doce natalino típico da Itália) e ovos de Páscoa falsamente associados a ações de caridade.
Comercializados entre 2021 e 2023, os produtos carregavam a imagem da influenciadora e prometiam o repasse do faturamento para um hospital infantil em Turim, no caso do pandoro, e uma ONG voltada a menores com deficiência, no caso do ovo de Páscoa.
No entanto descobriu-se que as doações foram feitas antes mesmo de as campanhas começarem e com valores muito menores do que os arrecadados posteriormente.
Em sua argumentação, o advogado Iannaccone declarou que “não houve nenhum dolo” por parte de Ferragni e que ninguém foi “fraudado”. “A fraude agravada envolve artifício e engano e, neste caso, não houve nenhum dos dois”, justificou o advogado, para quem existiu, no máximo, uma “publicidade enganosa”, pela qual sua cliente já “pagou indenizações nas instâncias competentes”.
“Saibam que Chiara é inocente, seja qual for a perspectiva sob a qual se analise essa história. Não houve crime algum”, acrescentaram os advogados para jornalistas do lado de fora do tribunal.
Já a acusação afirma que Ferragni teve um “papel proeminente” nas ações comerciais dos dois produtos, e suas empresas tinham a “última palavra” no acordo com as companhias Balocco e Cerealitalia, fabricantes do pandoro e do ovo de Páscoa, respectivamente. A sentença é esperada para 14 de janeiro.
Em meio à repercussão negativa do caso, que levou à perda de diversos contratos de publicidade, a influenciadora italiana doou 1 milhão de euros (R$ 6,5 milhões) ao hospital e 1,2 milhão (R$ 7,8 milhões) à ONG que seriam beneficiados pelas campanhas.
Além disso, Ferragni já fechou acordo com associações de defesa dos direitos dos consumidores para ressarcir pessoas afetadas pelo caso.
O MP de Milão ainda pediu a condenação de Francesco Cannillo, presidente da Cerealitalia, a um ano de prisão, e de Fabio Damato, ex-colaborador de Ferragni, a um ano e oito meses.
Alessandra Balocco, presidente da Balocco, também era ré, mas faleceu durante o processo. (ANSA).