BRASÍLIA, 15 NOV (ANSA) – A chegada de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos e o clima favorável entre os líderes do Mercosul são fatores determinantes para a assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano.   

A afirmação é do ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa, ex-secretário do Mercosul pelo Ministério das Relações Exteriores, que prevê que o acordo será concluído na cúpula do Mercosul, marcada para o dia 6 de dezembro, em Montevidéu, no Uruguai, em conversa com a ANSA.   

“Acho que o acordo será assinado não tanto por razões econômicas, mas por razões geopolíticas. Depois da eleição de Trump, é do interesse chegar a um acordo para se distanciar tanto dos Estados Unidos como dos Brics. Não espero que isso seja assinado agora na cúpula do G20 no Rio, acho que acontecerá em Montevidéu”, disse Barbosa.   

Segundo o diplomata, “as relações bilaterais entre a administração de Donald Trump e a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão se complicar”. “Entre Lula e Trump o problema é político. A nomeação de Marco Rubio para o Departamento de Estado criará uma situação muito difícil”, afirmou.   

Barbosa acrescentou ainda que o bloco sul-americano quer “fortalecer” as suas exportações para o mercado europeu. O contexto político sul-americano também deverá facilitar progressos concretos.   

“A mudança na Argentina com a chegada de Javier Milei ajuda, porque o governo anterior foi contra. Uruguai e Paraguai são a favor. Acredito que o acordo será assinado até o final de dezembro”, enfatizou.   

Barbosa lembra que as negociações entre a UE e o Mercosul começaram há mais de 20 anos e que em 2019 foi alcançado um pacto preliminar que ainda não foi implementado.   

Em 2023, porém, o Brasil rejeitou os pedidos europeus de combate ao desmatamento e proteção da Amazônia, fazendo com que o diálogo esfriasse. Já em setembro, durante a Assembleia das Nações Unidas em Nova York, Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, superaram as suas diferenças, reabrindo o caminho para a assinatura do pacto.   

Von der Leyen também poderá participar da reunião do Mercosul em Montevidéu, que marcará o fim da presidência temporária do Uruguai no grupo.   

“A Europa também está interessada no Mercosul, mas até agora o acordo tem sido prejudicado pela posição protecionista da França contra a exportação de produtos agrícolas da América do Sul, mas esse obstáculo deve ser superado”, concluiu Barbosa. (ANSA).