Rogério Ceni chegou ao Flamengo no início de novembro de 2020, “com a permissão de Zico”, para morar no Ninho do Urubu e passar por um árduo período de trabalho numa equipe marcada pela desconfiança. Já parece uma trajetória longeva, em meio a tantos acontecimentos impactantes, mas são só três meses no clube, octacampeão brasileiro sob o seu comando.

Se tem algo que Ceni não pode reclamar é de ausência de adrenalina em seu roteiro. Mal chegou, o técnico já foi à beira do campo comandar o Fla diante do São Paulo, pelas quartas da Copa do Brasil. Perdeu na ida e na volta, culminando na primeira de duas quedas traumáticas. A segunda foi na Libertadores, nas oitavas e para o Racing, em um intervalo de 13 dias.

Ou seja, o início do percurso de Ceni, em menos de um mês, teve como tônica pressão da torcida e de parte do departamento de futebol do Fla, que se reuniu com o intuito de debater a permanência ou não do treinador. Rogério chegou a ter o 2º pior aproveitamento de um técnico do clube nos últimos dez anos.

O comandante esteve por um fio até o jogo contra o Goiás, dia 18 de janeiro.

– No futebol não existe garantia. É a única garantia que eu te dou. Você precisa conquistar a garantia com resultados. Os resultados são ruins perto do que esse grupo pode. A diretoria tem direito de tomar qualquer decisão. O desempenho como comportamento diário é bom, mas como resultado deixa a desejar – admitiu Ceni, após derrota para o Ceará, em casa, no Brasileiro.

O JOGO-CHAVE

Rogério Ceni - Goiás x Flamengo

Jogo no Serrinha foi determinante (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

Depois do revés para o Vozão, a “atitude mudou”, inclusive por parte do elenco, que passou a assimilar melhor as ideias do técnico. Quem destacou isso foi o próprio Gabigol. Àquela altura, o Flamengo estava a quatro pontos do São Paulo, então líder.

Cabe lembrar que Ceni assumiu o Fla, substituindo Domènec Torrent, com cinco pontos de desvantagem para o topo, em quinto lugar, na 20ª rodada.

O duelo contra o Goiás (30ª rodada) fez o Fla virar a chave. O time engrenou nos quesitos rendimento e resultado. Nesses últimos dez jogos, foram sete vitórias, um empate e duas derrotas – sendo a última nesta quinta, para o São Paulo, com um futebol apático e destoante das partidas mais recentes.

Coletivamente, o Flamengo ainda atingiu todo o potencial do elenco, mas o time já indicar estar nos trilhos rumo à almejada “‘nova era de títulos”.

‘ETERNIZADO’ NO CLUBE

Após 22 jogos, Ceni alcançou a redenção na “unha” e foi comemorar o título nacional justamente no Morumbi, palco histórico na carreira como goleiro, o seu local de “nascimento” para o futebol e onde, agora, passa a somar 15 títulos (14 quando era atleta tricolor e o do Brasileiro pelo Fla).

Na última entrevista coletiva, ainda nos corredores do Morumbi, Rogério Ceni não escondeu a sua satisfação com a taça conquistada, lembrando que passa a ficar “eternizado” na história do Flamengo, de aqui em diante.

– Para mim, é especial, porque passo todo dia no corredor do CT, e fico oito, dez horas trabalhando, todos os dias, chego cedo e volto no fim da tarde, e vejo a foto desses caras que ganharam tudo. E eu sempre disse que não iria embora do Flamengo sem colocar a minha foto também na parede. Então fico feliz de ter conseguido esse título e com certeza que uma nova pintura, um novo pôster vai estar lá na parede. E quando você coloca seu nome na parede de um clube do tamanho do Flamengo, você fica eternizado – falou o técnico de 58 anos, agora campeão brasileiro como jogador e técnico.

Rogério Ceni - Flamengo

Ceni levou banho dos jogadores (Foto: Reprodução/Flamengo)

Assista ao banho que o técnico do Fla levou durante a coletiva: