Os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da Rússia tiveram um tenso encontro nesta quinta-feira (2), repleto de advertências e ameaças sobre a Ucrânia, mas também indicaram que procuram resolver a crise por via diplomática.

“Estamos profundamente preocupados com os planos da Rússia de iniciar uma nova agressão contra a Ucrânia”, disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ao chefe da diplomacia russa Sergei Lavrov.

Blinken retomou o tom adotado na quarta-feira quando, em uma reunião da Otan em Riga, expressou preocupação sobre “evidências” de que a Rússia teria planos de lançar “ações agressivas contra a Ucrânia”.

O americano também alertou nesta quinta-feira que se a Rússia continuar no caminho do “confronto”, sofrerá “graves consequências” depois de ameaçar Moscou com duras sanções na quarta-feira.

Blinken, no entanto, afirmou que estava disposto a “facilitar” a implementação dos acordos de Minsk, firmados após a Rússia anexar a Crimeia em 2014 e que visam resolver o conflito no leste da Ucrânia entre Kiev e separatistas pró-russos. No entanto, eles nunca foram totalmente aplicados.

Depois de listar as cláusulas dos acordos afirmando que Moscou não as respeitou, Blinken acrescentou: “a melhor forma de prevenir uma crise é a diplomacia”.

A reunião ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) reuniu as duas potências rivais e também a Ucrânia em Estocolmo.

Em seu discurso, Blinken também pediu à Rússia que “diminua a escalada” e retire as tropas, que, segundo os ocidentais, estão destacadas na fronteira com a Ucrânia.

Lavrov, no entanto, alertou que um “retorno ao cenário de pesadelo de um confronto militar” está se formando e acusou a Otan de “trazer sua infraestrutura militar para mais perto das fronteiras russas”.

O ministro russo também se opôs a uma eventual expansão da aliança do Atlântico para o leste que incluiria a Ucrânia, mas disse que estava aberto ao diálogo.

– “Medidas dissuasivas”” –

Nesta quinta-feira, Blinken também se reuniu na capital sueca com seu colega ucraniano, Dmitro Kouleba, que reiterou seu pedido de implementação de “medidas dissuasivas” para que o presidente russo Vladimir Putin “pense duas vezes antes de recorrer à força militar”.

Desde novembro, Kiev e seus aliados ocidentais alertam para um reforço das tropas russas na fronteira com a Ucrânia e a possibilidade de uma invasão durante o inverno.

A Rússia – que anexou a península da Crimeia e é acusada de apoiar os separatistas – nega que esteja preparando um ataque e repreende a Otan por aumentar a tensão.

O Kremlin disse nesta quinta-feira que a disposição da Ucrânia de reconquistar a Crimeia constitui uma “ameaça direta” à Rússia.

Além da questão da Ucrânia, as últimas semanas foram marcadas pela crise migratória na fronteira de Belarus com a União Europeia e uma breve escalada dos confrontos entre a Armênia e o Azerbaijão, todos países membros da OSCE.

Os países da UE concordaram na quarta-feira sobre novas sanções contra Belarus, e os Estados Unidos disseram que anunciariam novas medidas punitivas “muito em breve”.