Chefe do governo espanhol diz que ‘há juízes fazendo política’

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, acusou nesta segunda-feira (1º) juízes de seu país de estarem “fazendo política”, ao ser questionado sobre supostos casos de corrupção envolvendo várias pessoas de seu entorno.

“Que há juízes fazendo política e que há políticos que tentam fazer justiça, sem dúvida alguma”, disse o chefe de governo socialista em uma entrevista televisiva, referindo-se aos casos em que estão envolvidos, entre outros, sua esposa Begoña Gómez e o irmão mais novo de Sánchez.

“Felizmente é a minoria, mas ela existe e causa um dano terrível, um enorme dano à justiça, ao Poder Judiciário”, acrescentou em uma entrevista ao canal público de televisão RTVE.

“Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer com uma pessoa que exerce responsabilidades políticas, porque, além disso, isso provém de denúncias falsas”, apontou.

São usados “recortes de imprensa de organizações de extrema direita que se apresentam em determinados tribunais para abrir um processo, neste caso contra familiares, familiares como meu irmão ou como minha esposa”, disse.

“Eu não tinha nenhuma informação objetiva de que pudessem estar cometendo supostos atos de corrupção”, afirmou Sánchez sobre três de seus colaboradores que foram denunciados.

Sánchez rejeitou que haja qualquer tipo de “corrupção sistêmica” no Partido Socialista Operário Espanhol, do qual ele é o primeiro secretário.

A esposa do presidente do governo espanhol foi convocada por um juiz a depor em 11 de setembro no âmbito de uma investigação por desvio de fundos, de acordo com um porta-voz de um tribunal de Madri.

Segundo a imprensa espanhola, o juiz busca saber se uma funcionária da equipe do chefe de governo trabalhou para Begoña Gómez, na época responsável por um mestrado na Universidade Complutense de Madri.

Desde abril de 2024, Gómez também está implicada por corrupção e tráfico de influência.

Para o juiz, Gómez é suspeita de ter usado em seu benefício as funções de seu marido para obter financiamentos para seu mestrado, especialmente junto ao empresário Juan Carlos Barrabés.

A investigação foi aberta após reclamações de dois grupos relacionados à extrema direita.

Essa investigação é um dos muitos casos de corrupção nos quais estão envolvidas pessoas próximas a Sánchez, levando a oposição a pedir com frequência sua renúncia.

Santos Cerdán, terceiro na hierarquia do Partido Socialista, foi detido provisoriamente em junho em uma investigação sobre subornos relacionados a diversos contratos públicos.

No centro dessa mesma investigação estão também o ex-ministro e colaborador próximo de Sánchez, José Luis Ábalos, e seu assessor Koldo García.

O irmão mais novo de Pedro Sánchez também é alvo de uma investigação desde 2024 por desvio de fundos, tráfico de influência e fraude fiscal.

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