Chefe do FMI sob holofotes após relatório apontar manipulação de ranking do Banco Mundial

Chefe do FMI sob holofotes após relatório apontar manipulação de ranking do Banco Mundial

Por Andrea Shalal e Leigh Thomas

WASHINGTON/PARIS (Reuters) – A diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) está revisando um relatório preparado pelo Banco Mundial o qual apontou que a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em seu cargo anterior no Banco Mundial pressionou funcionários da instituição a alterar dados para favorecer a China, disse o Fundo nesta sexta-feira.

Georgieva afirmou discordar “substancialmente com as conclusões e interpretações” do relatório independente, preparado pelo escritório de advocacia WilmerHale a pedido do comitê de ética do Banco Mundial e divulgado na quinta-feira.

O documento revelou que Georgieva e outros funcionários do Banco Mundial aplicaram “pressão indevida” sobre a equipe para aumentar a classificação da China no relatório “Doing Business 2018”, que avalia o ambiente de negócios nos países.

A revisão do FMI foi lançada depois que Georgieva informou o conselho sobre o assunto na quinta-feira.

“O conselho do FMI está atualmente revisando esse assunto”, disse Gerry Rice, porta-voz do FMI, à Reuters, acrescentando: “Como parte do procedimento regular em tais assuntos, o comitê de ética vai informar o conselho”, disse Rice, sem dar cronograma.

Georgieva abordou o assunto no início de uma reunião previamente agendada com a equipe do FMI nesta sexta-feira, de acordo com três pessoas que participaram do evento virtual e uma quarta que foi informada sobre seus comentários.

“NÃO É VERDADE”

Georgieva disse que valoriza muito dados e análises e não pressiona a equipe a alterar informações como o relatório apontou, de acordo com uma transcrição fornecida à Reuters.

“Deixe-me colocar de uma forma muito simples para vocês. Não é verdade. Nem neste caso nem antes ou depois pressionei a equipe para manipular dados”, disse Georgieva ao estafe do FMI, de acordo com a transcrição.

O credor multilateral com sede em Washington estava buscando o apoio da China para um grande aumento de capital na época, quando Georgieva era a executiva-chefe do Banco Mundial.

Georgieva chefia o FMI e seus cerca de 2.500 funcionários desde 2019. Ela ajudou a liderar a resposta global à pandemia de Covid-19, garantindo apoio para uma expansão de 650 bilhões de dólares das reservas de emergência do Fundo.

Alguns dos 190 países-membros do FMI, que financiam seus empréstimos e outros projetos voltados para o alívio da pobreza e o fortalecimento da estabilidade financeira global, disseram que também estão revisando o relatório de ética.

(Reportagem de Andrea Shalal)

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