A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, elogiou nesta segunda-feira (7) o projeto de reforma eleitoral promovido pelo governo central da China, que quer garantir que apenas “patriotas” governem o território, e rejeitou as críticas que o veem como um expurgo da oposição.

Lam também excluiu qualquer consulta da população a respeito dessas mudanças.

“A decisão é oportuna, necessária, legal, constitucional”, declarou sobre a reforma em uma entrevista coletiva após seu retorno de Pequim.

“As melhorias no sistema eleitoral não foram projetadas para favorecer ninguém, mas para que qualquer pessoa que governe Hong Kong seja um patriota”, declarou Lam.

Este projeto, que prevê o veto das autoridades aos candidatos às eleições, está sendo discutido na Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento Chinês) e deverá ser aprovado na quinta-feira.

Para os críticos ao projeto, essa reforma representará uma sentença de morte para o sistema eleitoral democrático, reconhecidamente já limitado, e destruirá qualquer oposição pró-democracia em benefício de candidatos pró-Pequim.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Lam explicou em sua coletiva que o governo vai lançar uma campanha “intensa” para explicar as mudanças na lei eleitoral, considerando que as mudanças são “urgentes”.

O governo central chinês afirmou que sua intenção é garantir que apenas “patriotas” possam governar o território semi-autônomo.

Segundo Lam, “a liderança e o poder de decisão das autoridades centrais não devem ser questionados”.

Durante a devolução à China da ex-colônia britânica em 1997, Pequim garantiu a Hong Kong certa autonomia e liberdades desconhecidas no continente até 2047.

A cidade tem um Parlamento local, parcialmente eleito por sufrágio universal.

Nos últimos anos, muitas vozes se levantaram para denunciar uma erosão constante das liberdades. Pequim não deixou por menos e adotou, em 2020, uma severa lei de segurança nacional na esteira da imensa mobilização pela democracia que abalou o território durante meses em 2019.

Em setembro, as eleições que permitiriam a renovação de metade do Parlamento (Conselho Legislativo, Legco) foram canceladas, com as autoridades citando a pandemia do coronavírus.

Nesta segunda-feira, Lam deu a entender que outro adiamento seria provavelmente decidido devido às mudanças que Pequim planeja.

“Não estamos em posição de dizer agora se as eleições de setembro vão ocorrer como planejado”, disse ela, acrescentando que a prioridade é implementar as mudanças desejadas por Pequim.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias