O chefe de polícia e líder da “guerra” contra as gangues em El Salvador, o comissário Mauricio Arriaza, e seus acompanhantes morreram no domingo (8) na queda do helicóptero militar em que viajavam pela região nordeste do país, anunciou o Exército nesta segunda-feira.

“Lamentamos confirmar o falecimento de todas as pessoas que viajavam no helicóptero UH-1H da Força Aérea Salvadorenha, que caiu em Pasaquina, La Unión”, 180 km ao nordeste de San Salvador, informa um comunicado militar publicado na rede social X.

A nota acrescenta que “Manuel Coto, ex-gerente da Cosavi (Cooperativa de Poupança), estava na aeronave, sob custódia policial, assim como o diretor da @PNCSV, comissário geral Mauricio Arriaza Chicas”.

No acidente também morreram o vice-diretor de Investigações, o comissário Rómulo Pompilio Romero, e o cabo Abel Antonio Arévalo.

O Canal 10, estatal, informou a morte do jornalista David Cruz, que era diretor de Comunicação do Ministério da Segurança.

As autoridades não identificaram os membros da tripulação do helicóptero.

O procurador-geral, Rodolfo Delgado, afirmou que suas equipes fazem o possível “para agilizar o resgate e reconhecimento das vítimas”.

Coto, que estava foragido e foi preso em Honduras, foi gerente da Cooperativa de Poupança e Crédito Santa Victoria (Cosavi) e era acusado pelas autoridades como suposto responsável pelo desvio de quase 35 milhões de dólares (195 milhões de reais).

O ministro da Segurança de Honduras, Gustavo Sánchez, anunciou que Coto foi detido quando seguia “com um traficante de pessoas para os Estados Unidos”. A operação aconteceu em Choluteca, sul do país.

– “Peça fundamental” –

O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, anunciou que solicitará uma investigação com apoio internacional.

“O que aconteceu não pode ser considerado um simples “acidente”, deve ser investigado de maneira profunda e até às últimas consequências. Solicitaremos ajuda internacional”, afirmou o presidente na rede X.

Bukele disse que “o diretor Arriaza Chicas foi uma peça fundamental para trazer paz e segurança ao nosso povo”.

Desde março de 2022, quando Bukele declarou “guerra” às gangues violentas, Arriaza liderava a ofensiva, que já acumula quase 82 mil supostos membros de gangues sob um regime de exceção que permite prisões sem ordem judicial.

“Ele não foi um diretor qualquer como os que a Polícia já teve. Ele foi o Diretor da Polícia do Plano Controle Territorial, do Regime de Exceção e da guerra contra as gangues”, destacou Bukele em sua mensagem.

Para o presidente, Arriaza foi “um homem incorruptível, que lutou contra tudo, mesmo quando ninguém acreditava que poderíamos vencer (as gangues), e vencemos”.

“Investigaremos isto até o fim, mas ninguém poderá nos devolver o nosso herói nacional. Deus te receba @Director_PNC. Até breve, meu amigo”, acrescentou Bukele.

Para homenagear a memória de Arriaza, o presidente ordenou que as bandeiras de El Salvador permaneçam a meio-mastro por três dias em todo território nacional, nas embaixadas e consulados.

O ministro da Defesa, René Francis Merino, afirmou que o comissário Arriaza foi “um estrategista que mudou os rumos da PNC (Polícia Nacional Civil)”.

“Meu irmão, em todas as batalhas desde que éramos cadetes, você foi o número um na promoção. Vou sentir muita falta, Chelito; continuaremos cumprindo a missão até alcançarmos o país que você sonhava”, afirmou nas redes sociais.

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