O chefe de governo austríaco, Werner Faymann, líder do Partido Social-Democrata da Áustria (SPÖ), renunciou a todos os cargos nesta segunda-feira, duas semanas depois da derrota de seu partido no primeiro turno das eleições presidenciais.

Muitas eram as especulações nos últimos dias sobre a capacidade do chefe do Executivo de manter a liderança do partido e do governo até o segundo turno da eleição presidencial, em 22 de maio, e depois dele.

Mas o anúncio da saída de Faymann pegou muitos observadores de surpresa, duas semanas após a derrota no primeiro turno, quando o candidato da extrema-direita (FPÖ) Norbert Hofer superou seus cinco adversários com 35 % dos votos.

O atual vice-chanceler austríaco, Reinhold Mitterlehner, membro do partido conservador, será nomeado ainda nesta segunda-feira como chanceler interino.

Faymann, de 56 anos, chanceler desde 2008, afirmou em um comunicado que não tinha mais um apoio forte do SPÖ.

“Por causa do apoio insuficiente, assumo as consequências e renuncio às minhas funções como líder do partido e chanceler, a partir de hoje”, prosseguiu.

O SPÖ e seu aliado no governo, o Partido Popular Austríaco (ÖVP), dominaram o panorama político austríaco desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas sua popularidade caiu nos últimos anos.

Pela primeira vez, o SPÖ e o conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), integrantes da grande coalizão que governa o país desde 2008, foram eliminados do segundo turno.

A crise migratória e o crescimento do populismo em toda a Europa e nos Estados Unidos parecem ter desestabilizado as duas formações políticas.

A derrota, inédita desde o fim da Segunda Guerra Mundial, provocou um terremoto nos dois partidos, especialmente entre os social-democratas, que nos últimos dias começaram a questionar a legitimidade política de Faymann.

Nas próximas horas, a direção do SPÖ deve organizar uma reunião.

Norbert Hofer, candidato do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ, ultradireita), que recebeu 36,4% dos votos, enfrentará no segundo turno das eleições presidenciais o ecologista Alexander Van der Bellen, que recebeu 20,4% dos votos em 24 de abril.

O candidato social-democrata Rudolf Hundstorfer e o conservador Andreas Khol receberam, cada um, 11,2% dos votos.

O presidente austríaco, eleito para um mandato de seis anos, não participa da administração corrente do país, mas dispõe de alguns poderes estendidos como, por exemplo, nomear um novo chanceler e dissolver o Parlamento.

Não se espera uma mudança imediata do poder Executivo logo após a eleição presidencial, mas os especialistas duvidam da capacidade da coalizão direita-esquerda de ir até o final de seu mandato, em 2018, apostando em eleições antecipadas, nas quais o FPÖ também é favorito.

Saído das fileiras do poderoso SPÖ vienense, sem função nacional antes de 2006, Werner Faymann construiu ao longo dos anos a imagem de um estrategista inteligente, capaz de manter sua coalizão, mas também a de um líder sem convicção forte.

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