O chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, ignorou nesta sexta-feira (8) a convocação do Congresso para testemunhar na investigação para a abertura de processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, reivindicando imunidade por ser o principal assistente do mandatário dos Estados Unidos.

Mulvaney recusou um pedido do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados para testemunhar a portas fechadas na investigação, que Trump mais uma vez criticou como “corrupta” e “caça às bruxas”.

Os legisladores democratas acusam o presidente republicano de reter 391 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia para pressionar o governo do país europeu a obter informações para prejudicar o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, principal pré-candidato do partido às eleições presidenciais de 2020, nas quais Trump busca um segundo mandato.

A ausência de Mulvaney, o funcionário de maior cargo da Casa Branca convocado até agora, ocorreu dias antes do processo entrar em fase pública, o que promete audiências muito controversas no Congresso a partir da próxima quarta-feira.

A investigação reuniu provas de que Mulvaney foi uma ator chave na suposta pressão de Trump sobre a Ucrânia para promover seus objetivos políticos pessoais.

Mulvaney, que também é chefe interino do escritório de orçamento da Casa Branca, supostamente bloqueou o envio do dinheiro a pedido de Trump uma semana antes da ligação telefônica que o dirigente americano fez ao presidente ucraniano Volodimir Zelenski, cuja divulgação por um informante não identificado levou à investigação no congresso.

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Um resumo dessa conversa realizada em 25 de julho, divulgado posteriormente pela Casa Branca, mostrou que Trump pediu investigações sobre Biden.

Os democratas dizem que Trump abusou de seu cargo e incorreu em subornos e extorsões ao fazer esses pedidos a Zelenski.

– “Uma farsa dos democratas” –

Trump se recusou a entregar os documentos solicitados ao Poder Executivo e ordenou que os funcionários da Casa Branca não comparecessem ao Congresso.

“É uma farsa de democratas que querem ganhar uma eleição”, disse o presidente à imprensa nesta sexta.

“Francamente, eu adoraria que Mick testemunhasse”, disse sobre Mulvaney. “Exceto por uma coisa: validaria uma investigação corrupta”.

Uma avalanche de depoimentos de funcionários do governo corroborou as acusações contra Trump.

Os democratas planejam convidar algumas das dezenas de autoridades que apresentaram evidências em particular para comparecer às audiências públicas do processo que devem começar no Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados na próxima semana.

Essas audiências podem levar a acusações formais, ou artigos de julgamento político, contra Trump, que o Comitê Judicial da Câmara apresentará no início de dezembro.

O líder da investigação para abertura do processo de impeachment, o congressista democrata Adam Schiff, alertou que a recusa da Casa Branca em cooperar será tomada como prova de culpa e também como base para uma acusação de obstrução da investigação.

Os democratas, que controlam a Câmara dos Deputados, começaram a investigação para o processo de impeachment de Trump em 24 de setembro. Se reunirem méritos para uma acusação, será o Senado, dominado pelos republicanos, responsável por emitir seu veredicto sobre a destituição do presidente. Mas, dado o apoio que Trump tem na câmara alta, esse resultado parece improvável.


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