A aproximação político-militar entre Rússia e China cria “novos perigos” para a Otan e é uma “ameaça” ao multilateralismo, declarou nesta terça-feira (8) o secretário-geral da Aliança Atlântica.

“A ordem baseada em regras, isto é, a base do multilateralismo, está ameaçada. A Rússia e a China mantêm, há algum tempo, uma colaboração política e militar cada vez mais intensa. Trata-se de uma nova dimensão e representa uma série de desafios para a Otan. Isso conduz a novos perigos”, advertiu Jens Stoltenberg em entrevista ao jornal italiano La Repubblica.

“Moscou e Pequim coordenam cada vez mais suas posições nas decisões tomadas em organismos multilaterais, como a ONU. Além disso, realizam exercícios militares conjuntos, testam de forma conjunta voos de aviões de combate de longa distância e (organizam) operações marítimas, mas também mantêm uma intensa troca de experiências sobre sistemas de armas e controle da internet”, explicou.

Para o chefe da Aliança, a Otan deve “adaptar-se” para responder, sobretudo, à “ascensão da China como potência militar” e “à crescente agressividade da Rússia”, questões que ocuparão uma parte importante da agenda dos líderes da Aliança Atlântica em 14 de junho em Bruxelas, que terá a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

“Se não considerarmos a China como um inimigo (…), a China não compartilha nossos valores. Ela não acredita na democracia, nem na liberdade de expressão e dos meios de comunicação”, continuou Stoltenberg.

“A China está muito ativa na África, nos Balcãs Ocidentais e no Ártico. Ela investe maciçamente em infraestruturas essenciais na Europa. É uma referência no ciberespaço. Tudo isso tem um grande impacto na nossa segurança”, alertou.

Em relação à Rússia, a Otan percebe um enfoque duplo: “Dissuasão e diálogo”, em particular no que diz respeito ao controle de armas.

“As nossas tropas estão presentes de forma rotativa no Mar Báltico, na Polônia e na Romênia, e temos novos modelos de intervenção, de forma a que, em caso de crise, novos contingentes possam vir rapidamente para reforçar os outros no terreno”, enfatizou Stoltenberg.

Quanto ao Belarus, país amigo da Rússia que faz fronteira com três países membros da Otan (Polônia, Letônia e Lituânia), a organização permanecerá “vigilante”.

“Naturalmente, estamos preparados em caso de qualquer emergência para proteger e defender cada um de nossos aliados contra todos os tipos de ameaças vindas de Minsk ou de Moscou”, frisou.