A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, afirmou nesta terça-feira no Parlamento Europeu que existem “evidências esmagadoras” de crimes de guerra na região ucraniana de Bucha.
“Em Bucha, as evidências são esmagadoras (…) e sabemos exatamente quem foram os autores”, disse Kallas em Estrasburgo.
“Com a tecnologia que temos atualmente ao alcance da nossa mão, a impunidade para crimes de guerra é, francamente, impossível”, acrescentou a ex-primeira-ministra da Estônia.
Tropas russas são acusadas de massacrar centenas de civis em Bucha em 2022, embora os corpos tenham sido encontrados meses depois, quando os soldados de Moscou deixaram a região.
Após a retirada das tropas russas, jornalistas da AFP estiveram entre os primeiros a denunciar a existência de muitos corpos de civis em Bucha, vários deles com as mãos amarradas às costas.
Kaja Kallas afirmou que as evidências são baseadas em dados que vão desde “fotos e registros com telefones celulares, até as instruções decodificadas usadas por comandantes militares em canais russos de rádio”.
O massacre de Bucha é o mais conhecido do conflito ucraniano, mas não é a única atrocidade pela qual os militares russos são acusados.
As autoridades ucranianas abriram quase 128.000 investigações por crimes de guerra.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) também está investigando e em 2023 emitiu um mandado de detenção contra o presidente russo Vladimir Putin por seu papel no envio “ilegal” de crianças ucranianas para a Rússia.
“A transferência forçada e a deportação de crianças ucranianas é um dos crimes mais graves cometidos e uma violação extrema dos direitos humanos”, disse Kallas.
A funcionária de alto escalão destacou que a UE apoia o trabalho do procurador-geral ucraniano e busca fortalecer sua capacidade de investigar os crimes internacionais, inclusive com uma missão de assessoria civil da UE.
Ao mesmo tempo, acrescentou, avança o trabalho para estabelecer um tribunal especial para responsabilizar a Rússia pelo crime de agressão.
A ideia do tribunal começou a circular há mais de dois anos, mas a iniciativa até agora não conseguiu definições devido às discussões sobre a base legal para instalar a instituição.
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