O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que a ação do Brasil na ajuda humanitária à Venezuela “é parte da tradição brasileira de cooperar em favor da democracia, em favor do bem-estar de um povo irmão, em favor da solidariedade internacional”. O chanceler nega que a operação de levar alimentos e medicamentos aos venezuelanos tenha qualquer razão intervencionista. Segundo ele, Nicolás Maduro usa o argumento de risco de interferência como “cortina”. Araújo salienta que “o conceito de não interferência não existe para isso. Existe para assegurar a cooperação, a estabilidade internacional e não para permitir que um regime ditatorial mate de fome seu povo”.

Em entrevista coletiva pela manhã na sede da Polícia Federal em Pacaraima (RR), na fronteira com a Venezuela, o chanceler ressaltou que o Brasil e outros países agem em coordenação com o governo de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional Venezuelana que se autodeclarou presidente encarregado da Venezuela.

 

Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em Cúcuta, Colômbia,  com o presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. Guaidó mandou saudações e agradecimentos ao presidente Bolsonaro e ao Brasil pelo apoio a uma Venezuela livre.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, com o presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, em Cúcuta, na Colômbia – Ernesto Araújo/Redes Sociais

“Nós estamos agindo em apoio ao governo legítimo da Venezuela, constitucional conforme ditames da Corte Suprema Venezuela, e que nós reconhecemos assim como dezena de países reconheceram. Isso é um esforço de apoio a um governo legítimo de um país amigo que se confronta com um regime ditatorial usurpador, com todos elementos de crueldade e de brutalidade contra o povo venezuelano”, explicou.

Ernesto Araújo acredita que as 200 toneladas de medicamentos e alimentos hoje guardadas em Boa Vista serão integralmente transportadas até a Venezuela. “Todo mundo está olhando para o que está acontecendo hoje nas fronteiras da Venezuela. A responsabilidade nossa é fazer parte de um processo que será um marco histórico de um começo de uma transição democrática pacífica”.

O chanceler brasileiro tem como perspectiva “uma nova relação com a Venezuela”. “No futuro, quando forem escrever a história, vão ter que dizer isso: ’em poucos dias, um governo interino, com as dificuldades que a gente conhece, conseguiu distribuir o provimento da ajuda humanitária, como primeiro ato de mudança na Venezuela'”.