A chanceler da França, Catherine Colonna, reuniu-se nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um dia de encontros em Brasília para relançar as relações bilaterais, após o retorno do petista ao poder.
A visita “marca o início de um relançamento da colaboração política que nos une ao Brasil (…), à qual vamos dar uma nova ambição”, afirmou a ministra francesa em entrevista coletiva com o colega Mauro Vieira.
“Venho ao Brasil para que nossos dois países iniciem uma nova dinâmica em suas relações”, insistiu Catherine, que também se reuniu com a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
Vieira garantiu, por sua vez, que o governo Lula busca “virar a página dos últimos anos” com o mandato do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022), para “restaurar nossas relações no mais alto nível”.
Catherine Colonna foi recebida no Palácio do Planalto por Lula, cujo retorno ao poder, em janeiro, criou as condições para que Paris e Brasília retomassem as relações de confiança, após crises agudas durante o governo Bolsonaro.
“Reforçamos os laços e a parceria entre Brasil e França na cultura e em relações econômicas e defesa”, tuitou Lula.
A visita de Catherine prepara a do presidente Emmanuel Macron ao Brasil, em data ainda não anunciada, que pode coincidir com a organização de uma reunião de cúpula sobre a Amazônia.
A chanceler da França, que também se reuniu com o colega Mauro Vieira e a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, convidou Lula a visitar Paris no fim de junho.
– Desencontro diante da guerra –
Tendo o meio ambiente como um dos eixos das reuniões, Catherine admitiu que a França “estuda a possibilidade de uma contribuição bilateral” para o Fundo Amazônia.
Após a eleição de Lula, Noruega e Alemanha reativaram sua contribuição para esse fundo, destinado a financiar projetos de preservação da maior floresta tropical do mundo.
Sobre o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), a chanceler francesa defendeu a importância da assinatura do mesmo. “Agora estamos mais confiantes na capacidade do Brasil de aceitar, em um futuro acordo, o respeito aos princípios sociais e ambientais”, afirmou.
As posições frente ao conflito na Ucrânia revelaram um ponto de desencontro na relação entre os dois países. A chanceler insistiu na responsabilidade da Rússia, reagindo a uma declaração de Lula, antes de sua posse, de que o presidente Volodymyr Zelensky era “tão responsável” quanto Vladimir Putin.
“A Rússia começou a guerra. Não podemos pôr ambos os países no mesmo nível. Não há uma equivalência de responsabilidade”, afirmou Catherine, acrescentando estar convencida de que o país “saberá recordar os fatos e as responsabilidades.”
A chanceler manifestou, porém, que “qualquer iniciativa dirigida a trazer a paz, em respeito ao Direito Internacional é bem-vinda”, referindo-se à proposta de Lula de criar um grupo de países mediadores do conflito.
As relações políticas entre Brasil e França se deterioraram durante o mandato de Bolsonaro, especialmente em 2019 quando, desesperado com as críticas aos gigantescos incêndios na Amazônia, o ex-chefe de Estado de extrema direita e dois de seus ministros insultaram Macron e sua esposa, Brigitte.
A chanceler francesa viaja para São Paulo nesta quinta-feira (9).
A França é o terceiro maior investidor estrangeiro no Brasil, com US$ 32 bilhões em investimentos. É também o maior empregador estrangeiro, com 500.000 trabalhadores brasileiros em 1.100 empresas francesas.
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