A Chancelaria da Colômbia convocou o seu embaixador na Nicarágua, León Fredy Muñoz, após sua participação em uma marcha de apoio ao presidente Daniel Ortega, informou à AFP um responsável do ministério nesta terça-feira (11).

Vestido com gorro e lenço do governista Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o diplomata marchou em 7 de julho no âmbito de uma celebração da revolução que depôs o ditador Anastasio Somoza em 1979, segundo vídeos divulgados nas redes sociais.

“Isso é admirável, o que eu senti desde 30 de setembro quando cheguei na Nicarágua (…) é um povo alegre, bonito, amável e sobretudo um povo que está convencido de sua revolução”, disse o embaixador Muñoz em meio à manifestação.

Suas falas provocaram uma chuva de críticas, dias antes de uma nova decisão em Haia sobre o litígio territorial entre Colômbia e Nicarágua que será definido na próxima quinta-feira (13).

Apesar de não se conhecerem detalhes da convocação do diplomata em Bogotá, o responsável da chancelaria assegurou à AFP que “se espera” que a reunião ocorra nesta terça-feira.

“É inconcebível que o embaixador do governo Petro aplauda uma revolução marxista e sangrenta. É um grave insulto a todos os nicaraguenses e exilados que ainda sofrem com as consequências dos sandinistas”, reclamou no Twitter o senador americano Marco Rubio.

Após a controvérsia, Muñoz publicou um comunicado no qual defende seu trabalho “estratégico” como embaixador, que deve ser “franco (…) simpatizando com o outro para conseguir os objetivos”.

As relações entre Bogotá e Manágua costumam ser tensas, sobretudo ma véspera da sentença que resolverá uma demanda pendente da Nicarágua, que busca ampliar sua plataforma continental para além das 200 milhas contadas a partir do seu litoral, em direção a uma região rica em recursos naturais.

O governo de Gustavo Petro, o primeiro esquerdista no poder na Colômbia, escalou o tom em suas críticas contra Ortega após o exílio de centenas de opositores nicaraguenses em fevereiro.

A Chancelaria colombiana ofereceu então a nacionalidade ao escritor e ex-vice-presidente Sergio Ramírez, símbolos dos dissidentes exilados.

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