18/10/2021 - 9:43
A chama olímpica dos Jogos de Inverno de Pequim-2022 (4-20 de fevereiro) foi acesa nesta segunda-feira (18) na cidade grega de Olímpia, uma cerimônia perturbada por alguns minutos por manifestantes que exibiram uma bandeira do Tibete e foram detidos.
“No Genocide Games” (“Sem jogos genocidas”, em tradução livre), afirmava um cartaz exibido por manifestantes, que foram detidos pelos seguranças.
A chama foi acesa pouco depois das 11h locais (6h de Brasília) pelos raios de sol nas ruínas do templo antigo de Hera, em Olímpia, berço dos Jogos da Antiguidade.
A cerimônia teve a presença apenas de Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), da presidente da República da Grécia, Katerina Sakellaropoulou, de representantes dos comitês olímpicos grego e chinês, além de jornalistas credenciados.
Pela segunda vez consecutiva, e terceira na história dos Jogos modernos, a cerimônia tradicional foi realizada sem público, devido à pandemia da covid-19. O mesmo aconteceu com a chama dos Jogos de Tóquio-2020.
Antes da crise sanitária, a chama havia sido acesa sem a presença de espectadores apenas uma vez, em 1984, quando os organizadores gregos protestaram contra o caráter comercial dos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Várias atrizes com vestidos longos similares aos das antigas sacerdotisas fizeram uma coreografia no antigo estádio, nesta segunda-feira, antes da cerimônia de acendimento da tocha olímpica.
Vestida como uma antiga sacerdotisa grega, a atriz Xanthi Georgiou acendeu a chama da maneira tradicional, graças aos raios de sol que passaram através de espelho parabólico.
“Nestes tempos difíceis que vivemos, os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022 serão um momento importante para reunir o mundo em um espírito de paz, de amizade e de solidariedade”, declarou o presidente do COI, Thomas Bach.
A cerimônia para os Jogos Olímpicos de Verão de Pequim-2008 também foram afetadas, em Olímpia, por integrantes da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Os pedidos de boicote aos Jogos de Pequim e os protestos contra a gestão dos direitos humanos na China, especialmente contra a minoria uigur, mas também em Hong Kong, aumentaram nos últimos dias.
No domingo (17), três ativistas tibetanos foram detidos na Acrópole de Atenas, depois de hastearem a bandeira tibetana e a da “revolução de Hong Kong”, com gritos de “Boicote a Pequim-2022” e “Liberdade para o Tibete”. Eles devem comparecer a uma audiência nesta segunda-feira em Atenas.
Na terça (19), uma entrevista coletiva será organizada em um hotel de Atenas por representantes tibetanos, uigures e especialistas em direitos humanos para “denunciar o profundo fracasso do COI quando a chama olímpica, símbolo de paz e esperança, é entregue a Pequim-2022”.
Bach fez um apelo por “mais solidariedade dentro das sociedades”.
“Como a pandemia mundial de coronavírus mostrou claramente, podemos enfrentar os muitos desafias do mundo apenas com solidariedade. (…) Não há paz sem solidariedade”, afirmou.
O atleta grego Vasilis Papavassiliou será o último a carregar a tocha nesta segunda-feira em Olímpia, depois que os organizadores decidiram adotar um percurso mais curto do que em outras edições.
Tradicionalmente, a chama olímpica percorre centenas de quilômetros em vários dias, atravessa 50 cidades e áreas arqueológicas da Grécia, com um revezamento que inclui artistas e atletas de todo mundo.
Em março de 2020, com os primeiros casos de coronavírus na Grécia, os espectadores autorizados a acompanhar o revezamento da chama olímpica se aproximaram para aplaudir atores de Hollywood. Isso forçou os organizadores a interromperem a prova.
Desta vez, em um fato sem precedentes no passado recente, a tocha olímpica será carregada por apenas duas pessoas, um chinês e um grego, em menos de 24 horas, até o estádio Panathinaiko. Lá, será entregue ao comitê de organização de Pequim-2022, também sem a presença de público.
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