O Ministério Público do Distrito Federal denunciou na quinta-feira (2) cinco pessoas suspeitas de envolvimento na morte de 10 pessoas da mesma família. Foram denunciados Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Carlomam dos Santos Nogueira, Fabrício Silva Canhedo e Carlos Henrique Alves da Silva.
Os cinco já foram presos pela Polícia Civil do DF. Para o promotor de Justiça Nathan Neto, o caso é “sem precedentes na história do Distrito Federal” e “um dos crimes mais brutais já praticados no Brasil”. “Uma ação planejada, organizada e executada com profunda frieza”, afirma o promotor.
De acordo com o Ministério Público, mais de cem crimes foram cometidos pelos denunciados. Somadas as penas podem variar de 211 a 385 anos, conforme o Código de Processo Penal.
Os crimes pelos quais os réus foram denunciados, de acordo com a participação de cada um, são:
Gideon Batista de Menezes: homicídio triplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), homicídio duplamente qualificado (uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa e roubo.
Horácio Carlos Ferreira Barbosa: homicídio quadruplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos), homicídio triplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), homicídio duplamente qualificado (uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, extorsão mediante sequestro, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa, roubo e fraude processual.
Carlomam dos Santos Nogueira: homicídio quadruplamente qualificado (uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos), homicídio triplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), extorsão mediante sequestro, corrupção de menor, ocultação e destruição de cadáver, sequestro e cárcere privado, ameaça com uso de arma, associação criminosa, constrangimento ilegal com uso de arma e roubo.
Carlos Henrique Alves da Silva: homicídio duplamente qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime) e sequestro e cárcere privado.
Fabrício Silva Canhedo: extorsão mediante sequestro, associação criminosa, roubo e fraude processual.
Lista das vítimas mortas e identificadas:
Elizamar da Silva, de 39 anos (esposa de Thiago);
Rafael e Rafaela, gêmeos de 6 anos, e Gabriel, de 7 anos (filhos de Elizamar com Thiago);
Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos (sogro de Elizamar e pai de Thiago);
Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, de 30 anos (marido de Elizamar);
Cláudia Regina Marques de Oliveira, de 55 anos (ex-esposa de Marcos Antônio; não era mãe de Thiago);
Renata Juliene Belchior, de 52 anos (sogra de Elizamar e mãe de Thiago);
Gabriela Belchior de Oliveira, de 25 anos (cunhada de Elizamar e irmã de Thiago);
Ana Beatriz Marques de Oliveira, de 19 anos (filha de Cláudia com Marcos – Vista pela última vez em 13 de janeiro).
Relembre o caso
A cabeleireira Elizamar foi vista pela última vez no dia 12 de janeiro. Junto com três filhos menores do casal – um menino de 7 anos e os gêmeos de 6 anos -, ela foi à cidade de Paranoá para se encontrar com Thiago, que estava na casa dos pais dele.
No dia 18 de janeiro, um corpo foi encontrado esquartejado na casa em Planaltina que teria servido de cativeiro para parte da família. Após a identificação também no dia 19, a polícia divulgou que se tratava de Marcos Antônio, sogro de Elizamar e pai do Thiago.
No dia 14 de janeiro, o carro de Marcos Antônio, pai de Thiago, também foi encontrado carbonizado com mais dois corpos dentro, na cidade de Unaí, em Minas Gerais. Segundo laudo divulgado na última terça-feira, 24, os restos mortais são de Renata Juliene Belchior, de 52 anos, sogra de Elizamar e mãe do Thiago, e de Gabriela Belchior de Oliveira, de 25 anos, cunhada de Elizamar e irmã do Thiago, desaparecidas no mesmo dia.
Ainda na madrugada da última terça-feira, a PCDF encontrou mais três corpos, dois deles foram identificados no mesmo dia sendo de Thiago e de Cláudia. Já o laudo sobre Ana Beatriz, última vítima identificada, saiu nesta quarta-feira.
Dinâmica do crime
Segundo o MPDF, as investigações apontam que Gideon, Horácio, Fabrício e Carlomam se associaram para tomar a chácara Quilombo, no Itapoã, que estava sob a posse de Marcos Antônio Lopes de Oliveira. Também era parte do plano subtrair valores em dinheiro da família de Marcos. Para isso, o plano inicial era matá-lo e sequestrar pessoas de sua família.
Em 27 de dezembro, Gideon, Horácio e Carloman, acompanhados de um adolescente, foram à residência de Marcos, onde também estavam sua esposa, Renata Juliene Belchior, e sua filha, Gabriela Belchior de Oliveira. Marcos foi atingido por um tiro e as duas mulheres foram rendidas. Os criminosos subtraíram a quantia aproximada de R$ 49,5 mil que estava no local e pertenceria a Marcos.
As três vítimas foram levadas para um cativeiro preparado na região do Vale do Sol, em Planaltina (DF). No local, Marcos foi assassinado por Gideon e Horácio. Com a ajuda de Carloman e do adolescente, o corpo foi enterrado no mesmo terreno. As mulheres permaneceram no cativeiro.
Na manhã do dia 28 de dezembro, Fabrício assumiu a vigilância do cativeiro. O adolescente, por motivo desconhecido, fugiu do local. As vítimas foram ameaçadas para que fornecessem as senhas de seus celulares e de contas bancárias. Com isso, o grupo começou a se passar pelas vítimas e puderam monitorar os passos de Cláudia da Rocha Marques e Ana Beatriz Marques de Oliveira, respectivamente, ex-esposa e filha de Marcos. O objetivo era atraí-las para uma emboscada e subtrair R$ 200 mil referentes à venda de um lote.