CGU e PF investigam descontos não autorizados de beneficiários do INSS

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF) investigam um suposto esquema de corrupção com base em descontos ilegais de aposentados e pensionistas do INSS, informaram as autoridades nesta quarta-feira (23), um escândalo que salpica o governo Lula, que enfrenta queda de popularidade.

Seis funcionários públicos foram afastados, entre eles o presidente do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, após a detecção de pagamentos não autorizados em recibos de aposentados para associações e sindicatos, segundo a CGU.

A investigação se concentra em 6,3 bilhões de reais descontados entre 2019 e 2024 em suposta cumplicidade com funcionários do INSS. Uma boa parte ainda indeterminada deste montante teria sido descontada de forma ilícita.

“A investigação se trata de uma fraude contra os aposentados (…) naturalmente debilitadas e foram vítimas fáceis desses criminosos”, disse, em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

A Polícia Federal executou, nesta quarta, mais de 200 ordens de busca e apreensão, seis detenções e sequestros de bens de mais de 1 bilhão de reais.

Autoridades investigam crimes como corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro, entre outros.

Quase todos os aposentados consultados durante uma auditoria disseram não ter autorizado os descontos ou mencionaram possíveis fraudes, como a falsificação de assinaturas, segundo a Controladoria.

Embora o governo Lula se mostre à frente da investigação, o caso representa um desafio ao governo, com a popularidade em queda há meses devido, em parte, à inflação.

Trata-se do segundo episódio de corrupção que o Executivo enfrenta em poucas semanas. No começo de abril, o ministro da Comunicação, Juscelino Filho (União Brasil), deixou o cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e outros crimes quando era deputado em 2022, antes de Lula ser empossado presidente.

Filho negou qualquer irregularidade e afirma ser inocente.

Os casos de corrupção são um tema sensível para o governo. Este mês completam-se sete anos desde que Lula foi preso, após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Após passar 580 dias em uma cela na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, o líder do Partido dos Trabalhadores foi posto em liberdade. Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os processos judiciais contra ele, sob o argumento de que o juiz à frente do caso, Sérgio Moro, tinha sido parcial.

A anulação dos processos permitiu a Lula se candidatar às eleições de 2022 e voltar ao poder.

Mas a imagem de “corrupto” segue pesando sobre ele para uma parte significativa do eleitorado brasileiro.

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