O cartão de vacina contra a covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro foi adulterado, determinou uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU), cujas conclusões foram divulgadas nesta quinta-feira (18).

O órgão de controle encontrou inconsistências entre os registros do Ministério da Saúde e de outros órgãos oficiais e o cartão de vacinação de Bolsonaro, onde constava que o ex-presidente havia recebido uma dose contra a covid-19 em São Paulo em julho de 2022.

“Portanto, quanto à vacinação que teria ocorrido em São Paulo -único registro que ainda permanece no cartão de vacinação do ex-chefe do Executivo- […] a conclusão foi que se trata de fraude ao sistema estadual de registro de vacinação contra a covid-19”, afirmou a CGU em comunicado.

O órgão determinou que o registro de imunização de Bolsonaro “é falso”.

No entanto, recomendou arquivar o caso “por ausência de elementos mínimos acerca da autoria dos fatos”, após constatar que muitos funcionários e pessoal de saúde tinham acesso ao sistema de informação de vacinação e podiam modificar dados.

A investigação, realizada em paralelo a uma investigação da Polícia Federal, buscava determinar se houve funcionários federais envolvidos na falsificação.

Durante a pandemia de coronavírus, que deixou mais de 700.000 mortos no Brasil durante o mandato de Bolsonaro (2019-2022), o ex-presidente questionou repetidamente a eficácia e conveniência das vacinas. Posteriormente, admitiu que não havia se imunizado.

A Polícia Federal investiga uma suposta trama para “inserir dados falsos de vacinação contra a covid em benefício do então presidente da República, de sua filha e de assessores próximos”, de acordo com documentos oficiais.

Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal em Brasília em maio passado por este caso. Sua casa foi vasculhada no âmbito das investigações.

Naquela declaração, o ex-presidente, de 68 anos, negou as acusações e acusou as autoridades de tentar fabricar um caso contra ele.

O objetivo teria sido burlar as restrições sanitárias impostas pelos Estados Unidos, para onde Bolsonaro viajou com uma comitiva de familiares e assessores dois dias antes de encerrar seu mandato em dezembro de 2022, e onde permaneceu por três meses.

Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro e considerado seu braço direito durante seu mandato, foi detido preventivamente em maio de 2023 sob suspeita de “iniciar” a prática de ilícitos, que também teria contado com a colaboração de subordinados, de um médico, um advogado e de outros militares.

Meses depois, foi libertado após um acordo de delação premiada.

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