Divulgação (Crédito:Divulgação)

Mais um mistério solucionado. Segundo arqueólogos e cientistas da Academia Austríaca de Ciências, a produção de cerveja na Europa teve início há mais de 6 mil anos, ainda no período neolítico, ao mesmo tempo em que o produto se desenvolvia na Suméria e no Egito. A constatação foi feita com base na análise de grãos de cereais encontrados em artefatos antigos de dois países: Suíça e Alemanha. Nos testes, o grupo de especialistas pulverizou os grãos em recipientes de cerâmica – material já utilizado no neolítico – e descobriu camadas de tecido profundas, como a proteína aleurona. Com base na evidência, os estudiosos constataram que bebidas à base de malte eram produzidas na antiguidade, o que era especulado por profissionais do ramo.

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“A produção de cerveja está relacionada ao desenvolvimento da agricultura. Os povos antigos descobriram que dava para usar grãos, cereais e frutas para muitas coisas além da comida”, afirma Kathia Zanatta, sommelière e cofundadora do Instituto da Cerveja. Segundo ela, coletar grãos era uma tarefa de mulheres e, sendo assim, elas podem ser consideradas as ‘criadoras’ da cerveja. “O descobrimento provavelmente foi acidental, mas depois os povos começaram a aperfeiçoar o processo”, diz. “Assim como fizeram com a uva, os povos aprenderam a extrair sabores dos grãos de cereais e testaram de tudo, como frutas, arroz, milho, trigo e por aí vai”.

Segundo Andreas Heiss, especialista e líder da pesquisa, a bebida provavelmente era utilizada em rituais da época por conta da alteração hormonal causada pelo álcool. Na Suméria, região próxima da Mesopotâmia, onde hoje é o Iraque, houve um amplo desenvolvimento da agricultura e um dos processos era a coleta de grãos para a alimentação local. Os mesmos grãos, depois de fermentados, serviam para a produção da bebida.

ACHADO Análise confirma que bebidas à base de malte eram consumidas no neolítico (Crédito:Divulgação)

Não se sabe como, mas eles tiveram contato com água e posteriormente entraram em processo de malteação e fermentação, que é basicamente quando o cereal germina e libera componentes naturais por conta de reações químicas. O calor da região ajudou na fermentação e depois que, provavelmente, por curiosidade, o líquido foi consumido, tornou-se popular entre as comunidades da época. Gravuras egípcias, por exemplo, relatam o contato do povo com uma bebida desconhecida e de sabor diferente de tudo que existia. Posteriormente, a cerveja foi utilizada para diversas finalidades. Uma delas foi o pagamento de salário para os trabalhadores que construíram as pirâmides no Egito, há 5 mil anos. Pagava-se de quatro a cinco litros por dia de trabalho. E a dureza da rotina era compensada pelo entorpecimento com o álcool.

“Eles não tinham ideia do processo de produção de cerveja, foi tudo muito espontâneo. O clima quente e a agricultura ajudaram”  Kathia Zanatta, sommelière de cerveja

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