Com a meta de gerenciar até R$ 2 bilhões em 24 meses, a Cerrado Asset abre escritório em Brasília, após liberação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no fim de junho. Gestora independente que nasce a partir da Vallya, grupo de negócios da região voltado para recursos naturais, infraestrutura e crédito, a Cerrado trabalhará para estruturar e gerir fundos de investimentos dedicados a ativos alternativos.

“São fundos convencionais e que buscam a rentabilidade, mas estamos vivendo esse momento histórico, com muitas novas formas de combinações de negócios e com o olhar da sustentabilidade”, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o CEO da empresa, Samuel Arantes.

No cardápio, estão sendo estudadas cinco áreas de fundos de investimento por meio de aplicações em empresas de porte médio, abrindo-se em direito creditório, infraestrutura e agricultura, entre outros. O primeiro está previsto para ser lançado até o fim do ano. Uma das apostas é um FIP de minerais críticos. “São minerais estratégicos e críticos, para baterias, energias renováveis, em especial lítio, terras raras e cobre”, descreveu.

Apesar de a sede estar em Brasília, há um escritório da asset na Faria Lima, em São Paulo, para fazer a ponte com a indústria do setor. “O Centro-Oeste é a região do Brasil que mais cresceu nos últimos anos. Começou com agricultura, mas essa economia transborda para outras áreas”, avaliou. “É importante ter essa representação em São Paulo, mas a ideia é ter um hub em Brasília onde a gente possa se encontrar e deliberar sobre novos negócios”, acrescentou.

Arantes comentou também sobre o processo de desconcentração do crédito que vem ocorrendo no País e que antes era mais restrito ao setor bancário, em especial na área de securitização. “De cinco anos para cá, houve uma desconcentração. Os bancos perderam esse market share e as empresas estão se financiando no mercado de capitais. E daí tem o CRA, o CRI, LCA, fundo imobiliário”, citou. Para ele, trata-se de algo irreversível e que favorece a chegada de novos entrantes no mercado.

A ampliação da empresa para áreas complementares ao negócio principal, como research, deve ocorrer em dois anos. Por enquanto, a ideia principal é o mercado de equity: comprar participações de uma empresa, aumentar seu valor, e sair do negócio quando o objetivo for atingido. Trata-se de um investimento de longo prazo e que pode levar uma década ou mais para maturação.

O foco na sustentabilidade é importante porque este se tornou um ponto de grande interesse dos investidores, de acordo com o CEO. “A maior dificuldade no novo mercado de carbono é a certificadora. O principal desafio do Brasil é ter uma certificadora brasileira”, disse, mencionando que o trabalho hoje está concentrado em duas empresas internacionais e que o Brasil está atrasado em relação aos players globais. “Mas é um mercado que está em ebulição.”