VENEZA, 6 SET (ANSA) – O 82º Festival de Cinema de Veneza chegou a fim neste sábado (6) com uma cerimônia de premiação que lembrou os ataques realizados por Israel contra a população civil na Faixa de Gaza, seja nas honrarias ou em discursos.
Apesar de o Leão de Prata ter contemplado um filme com a temática, “A Voz de Hind Rajab”, de Kaouther Ben Hania, o troféu de ouro foi para “Father Mother Sister Brother”, de Jim Jarmusch.
A obra do grande vencedor da noite é baseada em três histórias que exploram a relação entre pais e filhos, tendo no elenco Cate Blanchett, Adam Driver, Tom Waits e Charlotte Rampling.
“Não tenho a mínima ideia de onde surgiu a ideia, mas sempre foi assim para mim. Só sei que o escrevi [“Father Mother Sister Brother”] em apenas três semanas e que considero este filme, [dividido] em três partes, uma obra única. O resultado me agradou muito”, disse o americano Jarmusch, que levou o Leão de Ouro de Melhor Filme do Festival de Veneza.
Já para a segunda colocada, a tunisiana Kaouther Ben Hania, que apresentou um longa inspirado na história real de uma menina de cinco anos morta durante um bombardeio em Gaza, “a voz de Hind continuará a ressoar até que a justiça seja feita: todos nós acreditamos no poder do cinema, é ele que nos trouxe até aqui e nos dá a coragem de contar histórias que, de outra forma, seriam enterradas”.
Hania dedicou o Leão de Prata à equipe do movimento humanitário Crescente Vermelho, que por telefone, tentou salvar a menina Hind Rajab, e “a todos aqueles que arriscam suas vidas em Gaza”.
Os atores italianos Tony Servillo, vencedor do Coppa Volpi de Melhor Ator por “La Grazia”, de Paolo Sorrentino, e Benedetta Porcaroli, que levou o prêmio Orizzonti por sua atuação em “Il rapimento di Arabella”, de Carolina Cavalli, dedicaram seus troféus aos tripulantes da expedição Global Sumud Flotilla.
“Permitam-me, em nome de um sentimento que todo o cinema italiano compartilha, de expressar admiração por aqueles que decidiram corajosamente partir para o mar, chegar à Palestina e levar um sinal de humanidade a uma terra onde a dignidade humana é diária e cruelmente vilipendiada”, afirmou Servillo, que também foi homenageado por seu papel no mesmo filme com o prêmio Francesco Pasinetti, concedido pela imprensa.
Porcaroli, por sua vez, disse no palco que “gostaria de dedicar este prêmio com todo meu amor, minha estima, minha gratidão aos amigos da Flotilla: não acabou, há uma razão válida para levantar de manhã que se chama humanidade”.
Demais premiados O cineasta americano Benny Safdie, diretor de “The Smashing Machine”, venceu o Leão de Prata de Melhor Diretor no 82º Festival de Veneza. O filme narra a vida do campeão de MMA Mark Kerr.
Quem levou o Prêmio Especial do Júri foi o italiano “Sotto le nuvole”, de Gianfranco Rosi, que narra a história de uma Nápoles desconhecida.
Já o troféu de Melhor Roteiro da mostra de Veneza foi para os franceses Valerie Donzelli e Gilles Marchand pelo filme “À pied d’?uvre” (“No Trabalho”), dirigido por Donzelli e inspirado em uma história real.
A versão feminina do Coppa Volpi foi para a atriz chinesa Xin Zhilei, intérprete em “Ri Gua Zhong Tian” (“O Sol nasce para todos”), de Cai Shangjun.
Por sua vez, a atriz suíça Luna Wedler, atuante em “Silent Friend”, de Ildiko Enyedi, foi condecorada com Prêmio Marcello Mastroianni para jovens atores.
O júri do Leão do Futuro, que concede o Prêmio” Luigi De Laurentiis” para o Filme de Estreia no festival, elegeu o curta-metragem “Short Summer”, de Nastia Korkia, como o vencedor.
O Prêmio Orizzonti de Melhor Ator foi para Giacomo Covi, pelo longa “Un anno di scuola”, de Laura Samani.
O filme “La Grazia”, de Paolo Sorrentino, levou o Prêmio Francesco Pasinetti de Melhor Filme Italiano de 2025, concedido no Festival de Veneza pela Associação de Jornalistas de Cinema Italiano (Sngci).
A cerimônia de premiação da 82ª edição do Festival de Veneza também ovacionou o estilista Giorgio Armani, falecido aos 91 anos na última quinta-feira (4). Quanto ao Prêmio Armani Beauty Spectators, escolhido pelo público na mostra, o vencedor foi “Calle Malaga”, da marroquina Maryam Touzani, que também fez um apelo ao povo palestino.
“Armani nos ensinou que a criatividade, a inovação e a cultura do design vivem nos espaços onde as disciplinas se encontram”, disse Carlo Ratti, curador da Bienal de Arquitetura, no palco, ao anunciar a obra vencedora. (ANSA).