Cerca de mil agentes de segurança foram mobilizados para resgatar 16 funcionários da Polícia, que foram sequestrados na terça-feira no estado mexicano de Chiapas (sul), informaram as autoridades nesta quarta (28).

Vídeos publicados hoje por veículos locais mostram os funcionários no local do cativeiro. Um deles afirma que o grupo está “muito bem” e que seus captores exigem a renúncia ou a destituição de três funcionários de segurança de Chiapas como condição para serem libertados.

Outro refém transmite a mensagem dos sequestradores a estes três funcionários estaduais:

“Digam a seus chefes que entreguem a pessoa que mantêm sequestrada. Ela não tem nada a ver, assim como nós”, disse. Depois disso, o funcionário e seus colegas, ajoelhados, repetem, em coro: “por favor, os justos não devemos pagar pelos pecadores”.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que “a instrução é que os sequestrados sejam resgatados e, naturalmente com vida, que é o que desejamos”. Eles foram capturados na localidade de Ocazocoautla, quando viajavam de ônibus após um dia de trabalho.

Em nota, a secretaria de Segurança de Chiapas revisou nesta quarta-feira para 16 o número de trabalhadores sequestrados, depois de ter informado, na terça, que eram 14. Também detalhou que “mais de mil elementos” das forças de segurança estaduais e federais estão trabalhando nas buscas.

“Não vai haver impunidade” para os autores deste ato, alertou López Obrador, informando que as vítimas trabalham no presídio de Ocozocoautla.

As autoridades de Chiapas informaram que dois suspeitos foram detidos nas imediações do local do sequestro.

O presidente disse, ainda, que “aparentemente” a motivação do sequestro “é um confronto entre grupos” criminosos, o que considerou injustificado.

As polícias municipais e estaduais do México costumam ser apontadas por ONGs de direitos humanos por estarem infiltradas por grupos criminosos.

– Súplicas dos familiares –

Desesperados, familiares dos sequestrados se dirigiram desde a noite de terça-feira às instalações da secretaria de Segurança do estado em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas.

“Não queremos que aconteça nada com nosso irmão (…) Por favor, senhor governador, eu imploro que faça alguma coisa pelo meu irmão, por essas pessoas”, disse, chorando copiosamente, Martha Elena Rincón, dirigindo-se ao governador do estado, Rutilio Escandón.

“O único que nós queremos é saber que estão bem. O que nós podemos fazer além de esperar? Agora, não podemos fazer nada (…) É gente trabalhadora, é gente inocente”, disse Dina Luz Rincón, outra familiar.

Vídeos que circulam desde a terça-feira nas redes sociais mostram o momento do sequestro, executado por homens vestidos com roupas pretas, encapuzados e com armas longas, ao lado de caminhonetes, onde levaram as vítimas.

A secretaria de Segurança do estado confirmou que viajavam no ônibus 33 trabalhadores e que os criminosos forçaram 16 homens a descer, “sendo privados de sua liberdade”, enquanto 17 mulheres foram deixadas perto do coletivo.

Em Ocozocoautla têm se multiplicado os confrontos entre criminosos e membros das forças de ordem. Transitam por ali migrantes em situação ilegal e a região faz parte de uma rota do narcotráfico.

O México soma mais de 350.000 homicídios, a maioria atribuída a organizações criminosas, desde o lançamento de uma polêmica estratégia militar antidrogas, em dezembro de 2006. Esta ofensiva fez disparar o número de desaparecidos, que atualmente chega a 110.000, segundo números oficiais.

jla/axm/ll/mvv/am