Cerca de 340 milhões de cristãos foram “fortemente perseguidos” no mundo em 2020, um fenômeno em constante crescimento e que foi agravado pela pandemia de coronavírus, de acordo com um relatório da ONG Portas Abertas, publicado nesta quarta-feira (13).

“As minorias cristãs perseguidas enfrentaram violência sem precedentes e aumento da discriminação. A covid-19 ampliou as tendências que temos constatado há vários anos”, escreve a ONG protestante ao apresentar sua lista anual de 50 países onde os cristãos estão no centro da mira.

Cerca de 340 milhões de cristãos – católicos, ortodoxos, protestantes, batistas, evangélicos, pentecostais… – foram “fortemente perseguidos”, contra 260 milhões em 2019, denuncia a ONG, que registra os ataques, de “discreta opressão diária” à “violência mais extrema”.

“Isso representa 1 cristão em cada 6 na África e 2 em cada 5 na Ásia”, destaca Patrick Victor, diretor da Portas Abertas França, que garante que os números estão “abaixo da realidade”.

As causas desta perseguição extrema ou muito forte na África Subsaariana, no Sul da Ásia e no Oriente Médio estão ligadas ao “nacionalismo religioso”, particularmente na Ásia, e ao “extremismo islâmico que está se espalhando” na África.

O número de cristãos mortos aumentou 60%, passando de 2.983 para 4.761. “Mais de 90% na África Subsaariana”, explica Victor.

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Pelo sexto ano consecutivo, a Nigéria lidera “os países onde mais pessoas foram mortas por sua fé” (3.530 mortos), à frente da República Democrática do Congo (460) e do Paquistão (307).

Em contrapartida, a ONG observa que o número de igrejas atacadas (fechamentos, ataques, danos, incêndios) reduziu pela metade (4.488) em comparação com 2019.

A China lidera esta lista com 3.088 igrejas atacadas (contra 5.576 em 2019), à frente da Nigéria.

“Na China, assim como na Índia, a perseguição aos cristãos é sistemática e até sistêmica”, diz Victor.

O número de cristãos detidos por sua fé aumentou para 4.277, contra 3.711 em 2019, com cerca de metade na Eritreia (1.030) e na China (1.010).

Se levados em conta todos os tipos de perseguição, a Coreia do Norte, onde “a fé em Deus é um crime contra o regime”, segundo a ONG, lidera o ranking mundial, seguida pelo Afeganistão, Somália, Líbia, Paquistão e Eritreia.

“Não há motivos estritamente religiosos por trás das perseguições. Elas podem estar relacionadas ao nacionalismo religioso, como na Índia ou na Turquia, ou ao controle do Estado, como na China, ou ao crime organizado e cartéis de drogas como na Colômbia e México”, resume a associação.


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