O Investimento Estrangeiro Direto (IED) na América Latina caiu 9,1% em 2015, totalizando 179,1 bilhões de dólares, seu nível mais baixo desde 2010, por menores investimentos em mineração e hidrocarbonetos, e a crise no Brasil, informou a Cepal nesta quarta-feira.

Para 2016, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) “projeta que o IED se manterá em níveis inferiores aos alcançados nos últimos anos, em convergência com as perspectivas econômicas, diminuindo em até 8%”, disse um comunicado do organismo das Nações Unidas com sede em Santiago.

A queda registrada em 2015 na América Latina e no Caribe contrasta com o dinamismo observado em nível global.

No ano passado, os fluxos mundiais de IED aumentaram 36%, chegando a um valor estimado de 1,7 trilhão de dólares, alavancados por uma intensa onda de fusões e aquisições, sobretudo transfronteiriças, focalizada nos países desenvolvidos, em particular nos Estados Unidos.

A queda dos fluxos na América Latina “se explica pela queda dos investimentos nos setores vinculados aos recursos naturais, principalmente mineração e hidrocarbonetos, e a desaceleração do crescimento econômico, sobretudo no Brasil”, cuja economia retrocedeu 3,8% em 2015.

As projeções para o Brasil não são nada otimistas para este ano: espera-se uma retração parecida à de 2015, arrastando o conjunto das economias regionais, que pelo segundo ano consecutivo devem sofrer uma contração em 2016, de 0,6%.

Resultados díspares

Apesar da redução geral dos fluxos de IED, os resultados por países foram dispares na região. No Brasil o IED caiu 23%, a 75,075 bilhões de dólares, embora o país continue sendo o principal receptor desses fluxos na região (acumulando 42% do montante total).

Para o México, o segundo maior receptor, as entradas de investimentos aumentaram em 18%, alcançando 30,285 milhões de dólares, um de seus níveis mais altos em sete anos, concentrados na indústria automobilística e nas telecomunicações.

A redução do valor dos minérios afetou negativamente o Chile, cujo IED caiu em 8%, chegando a 20,457 bilhões de dólares, enquanto que na Colômbia caiu 26%, totalizando 12,108 bilhões de dólares.

No Peru, o IED caiu 13%, chegando a 6,861 bilhões de dólares, enquanto no Equador subiu 37%, alcançando 1,06 bilhão de dólares.

Na Argentina, as entradas de IED subiram 130%, a 11,655 bilhões de dólares, alta que se explica porque em 2014 foi contabilizada a nacionalização de 51% da YPF, realizada em 2012 (o que significou um desinvestimento de cerca de 6 bilhões de dólares em 2014).

Na América Central, o IED aumentou 6%, totalizando 11,808 bilhões de dólares. Com 43% do total, o Panamá continua sendo o principal receptor na sub-região.

Em 2015, os Estados Unidos foram, novamente, o principal investidor na América Latina, com 25,9% do IED, seguido por Holanda (15,9%) e Espanha (11,8%).

As saídas IED da região diminuíram substancialmente, a 47,362 bilhões de dólares em 2015, 15% a menos do que no ano anterior.

Considerando o estoque de investimento dessas companhias, Brasil e México são os países com mais capital investido fora de suas fronteiras, embora apenas se considere o ano de 2015. O Chile se posicionou como o principal investidor no exterior da América Latina.

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