22/02/2024 - 12:21
Horas após o grave ataque ao ônibus do Fortaleza, o CEO do clube cearense, Marcelo Paz, pediu mobilização entre dirigentes dos times nacionais na luta contra a violência no futebol, nesta quinta-feira, e avisou que o Fortaleza só deverá voltar a jogar quando seus jogadores se recuperarem das lesões sofridas no ataque e quando os responsáveis pelo caso de violência forem punidos.
“O Fortaleza só deveria jogar quando estes atletas estiverem curados. Como é que vamos botar o time em campo com os atletas nestas condições? E acho que só deveria jogar quando punirem os bandidos que fizeram isso. Tem que ter uma reação de verdade, não pode ser apenas nota de repúdio, de lamento. Para, gente. Vamos esperar morrer alguém? Não morreu um por Deus, porque tinha uma bomba caseira…”, afirmou o dirigente.
O ataque ao ônibus, na madrugada desta quinta-feira, contou com pedras e até bombas, que destruíram janelas, espalharam estilhaços por todo o veículo, ferindo seis jogadores. Imagens mostravam marcas de sangue em diversos bancos do ônibus. Os jogadores feridos foram o goleiro João Ricardo, o lateral-esquerdo Gonzalo Escobar, o lateral-direito Dudu, os zagueiros Titi e Brítez e o volante Lucas Sasha.
Todos foram encaminhados ao Real Hospital Português, no Recife. E receberam alta no início da manhã. Eles embarcaram com os demais integrantes da delegação para a capital cearense, onde desembarcaram nesta manhã, com curativos na cabeça, braços e pernas.
Marcelo Paz reforçou a gravidade do episódio. “O João Ricardo está com seis pontos na cabeça. O Escobar está com 13 pontos na cabeça, sofreu um trauma crânio-encefálico. O Titi está com um pedaço de vidro na panturrilha. Não conseguiram remover. O Du está com estilhaço no corpo. Esses jogadores estão sem condição de jogar”, disse o CEO do Fortaleza, que revelou ter recebido “todo o suporte da direção do Sport a noite inteira”.
O ataque aconteceu após o empate por 1 a 1 com o Sport, em partida válida pela 4ª rodada da Copa do Nordeste. Para Marcelo Paz, o ataque feito por torcedores do Sport na saída da Arena Pernambuco, na região metropolitana do Recife, foi uma “tentativa de homicídio”. “Aquilo ali foi um crime, uma tentativa de homicídio. Se uma pessoa jogasse uma bomba em um ônibus normal, de linha, ela seria presa. Por que um bandido faz isso com um time de futebol e não é preso? Isso acontece no Brasil inteiro. Chegou a hora de dar um basta nisso.”
Em uma breve entrevista coletiva no desembarque da delegação em Fortaleza, Paz reforçou a ideia de não mandar o time a campo e se refere a “qualquer jogo” nos próximos dias, incluindo todas as competições. E cobrou uma punição exemplar, “que sirva de referência”, por parte da Justiça comum e da Justiça desportiva.
Também em entrevista no aeroporto, o lateral Tinga disse que o elenco está em choque. “Não penso em jogar agora. Nosso time está decidido a não jogar, vamos esperar todo mundo se recuperar, é uma covardia o que fizeram a gente. Precisa punir, o Sport precisa punir a torcida organizada. A violência está chegando em um ponto que só vai melhorar quando acontecer uma fatalidade. Temos que punir para que não aconteça”, declarou.
O ataque gerou forte repercussão no futebol nacional. Em nota, a CBF lamentou o episódio de violência. “É lamentável e inadmissível iniciar mais um ano chamando a atenção para este tema gravíssimo que é o da violência fora dos estádios. A CBF confia no trabalho da Polícia e das autoridades competentes, para que os responsáveis por estes atos sejam punidos exemplarmente, sem prejuízo de outras medidas cabíveis”.
O presidente Ednaldo Rodrigues disse que a entidade “seguirá implacável” no combate à violência. “Desejo pronta recuperação a todos os jogadores e profissionais da comissão técnica que foram vítimas desse crime. A CBF seguirá implacável na cobrança e nas ações para que todo e qualquer ato de violência seja varrido do futebol brasileiro.”
Também em nota o Sport se solidarizou com o rival e ofereceu suporte. “O Sport Club do Recife repudia veementemente os atos de violência praticados contra o ônibus da delegação do Fortaleza Esporte Clube na saída da Arena de Pernambuco após a partida desta quarta-feira. Os absurdos atos de violência não condizem com a real conduta e comportamento da torcida rubro-negra, tampouco com os valores do Clube – que sempre irá abominar esse tipo de postura”, registrou o time pernambucano.