“Está sólido!”. Fatima Sanusi, de 68 anos, toca as paredes da sua casa com as mãos, aliviada por ter resistido ao terremoto devastador que destruiu dezenas de outros imóveis no centro histórico de Marrakech.

Conhecida pela riqueza do seu patrimônio arquitetônico, esta cidade turística foi muito afetada pelo poderoso terremoto de sexta-feira no Marrocos. O impacto é palpável nos 700 hectares da sua medina, onde há grandes montanhas de ruínas.

As muralhas do século XII que circundavam a cidade imperial, fundada em 1070 pela dinastia Almorávida, foram parcialmente destruídas.

O epicentro do terremoto, que provocou pelo menos 2.497 mortos, localizou-se na província montanhosa de Al Haouz, situada cerca de 70 quilômetros a sudoeste de Marrakech (centro do país).

“Depois de uma catástrofe como essa, o mais importante é salvar vidas humanas. Mas devemos também preparar imediatamente a segunda fase, que consistirá na reconstrução de escolas e bens culturais afetados pelo terremoto”, explica Eric Falt, diretor regional do escritório da Unesco no Magrebe.

Algumas partes emblemáticas de Marrakech, como a praça Jemaa el-Fnaa, são consideradas patrimônio mundial da Unesco desde 1985.

Poucas horas depois do desastre sísmico, Alt inspecionou a parte antiga da cidade durante duas horas.

“Já podemos dizer que (os danos) são muito maiores do que temíamos. Vimos fissuras importantes no minarete da Kutubia (mesquita), a estrutura mais emblemática, mas o minarete da mesquita de Kharbouch”, na praça Jemaa el-Fnaa, também foi quase completamente destruído, diz Falt.

– “Grandes disparidades” –

A poucos metros da mesquita, com as paredes cheias de fissuras, há comerciantes sentados em bancos e vários clientes na esplanada de um café da década de 1960.

“O bairro mais afetado é Mellah (o antigo bairro judeu), onde a destruição de casas foi maior”, diz Falt.

Embora os locais históricos tenham sido restaurados nos últimos anos e a sua estrutura tenha sido reforçada, nem todos os edifícios da cidade tiveram o mesmo destino.

“Existem grandes disparidades”, reconhece Sylvain Schroeder, francês dono de uma dúzia de casas tradicionais (riads).

A tranquilidade no pátio de sua casa contrasta com a destruição das casas vizinhas, de aspecto mais modesto e precário.

“A água do lago movimentou-se (durante o terremoto), mas foi só isso. O resto permaneceu intacto”, acrescenta este proprietário francês, apontando para as paredes e vigas de um edifício “que foi recentemente restaurado e a estrutura reforçada”.

Do outro lado desse mesmo beco, as paredes de um prédio parecem muito frágeis e que podem desabar a qualquer momento.

“Quando cair a menor chuva, pode desabar como um castelo de cartas”, prevê Schroeder sobre a situação extremamente frágil em que Marrakech ficou depois de um dos terremotos mais devastadores da história recente do Marrocos.

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