Coligação do premiê Luís Montenegro deve ficar em 1° lugar no Parlamento, mas sem assegurar maioria. Pesquisa aponta ainda que ultradireitistas do Chega devem crescer e podem superar socialistas na disputa pelo 2° lugar.A Aliança Democrática (AD), coligação de centro-direita liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, deve vencer as eleições legislativas deste domingo (18/05) em Portugal com pelo menos 29% dos votos, segundo pesquisas de boca de urna, garantindo a permanência do atual chefe de governo no cargo.
Essa foi a terceira eleição realizada nos últimos três anos em Portugal para eleger os 230 deputados da Assembleia da República, o Parlamento do país.
Após o fechamento das urnas, pesquisa realizada pela a Universidade Católica Portuguesa para a emissora pública de televisão RTP aponta de 29% a 34% dos votos para a AD, o que equivaleria a de 85 a 96 assentos no Parlamento. No entanto, a quantidade deve ficar abaixo da marca de 116 para garantir uma maioria, o que deve levar à costura de alianças.
Já o Partido Socialista (PS), de Pedro Nuno Santos, deve conseguir de 21% a 26% dos votos. O partido de ultradireita Chega, do deputado André Ventura, por sua vez, deve obter entre 20% e 24%.
Já de acordo com uma pesquisa da CNN Portugal, a AD terá de 29,1% a 35,1% dos votos, enquanto o Chega receberá de 19,5% a 25,5%, e o PS, de 19,4% a 25,4%.
A liderança de Montenegro já havia sido prevista em pesquisas na última semana, mas todas as sondagens também indicavam que não haveria clara maioria parlamentar para nenhum partido.
Para o PS o resultado deve marcar um derrota melancólica e o pior resultado desde os anos 1980. Na sondagem da Universidade Católica, o partido deve eleger entre 52 e 63 deputados, menos do que os 78 da atual Legislatura.
Para piorar, as pesquisas apontam que o PS ainda corre o risco de ficar atrás dos ultradireitistas do Chega, que deve crescer neste domingo. Segundo a pesquisa, o Chega deve eleger entre 50 e 61 deputados, contra 49 na última eleição.
Eleição antecipada
Diante da ameaça de uma comissão parlamentar de inquérito sobre as atividades de uma empresa de consultoria da sua família, Montenegro apresentou em março uma moção de confiança que não foi aprovada, o que levou à queda do governo e à realização desta eleição antecipada. Ele chegou ao poder em abril de 2024.
Analistas dizem que Montenegro, um jurista de 52 anos que liderava um governo minoritário, optou por se submeter novamente às urnas para garantir sua sobrevivência política e tentar fortalecer sua base parlamentar.
Durante a campanha eleitoral, Montenegro reafirmou sua rejeição em governar com o apoio da ultradireita do Chega. Analistas sugeriram que ele poderia tentar formar um governo com a ajuda do partido Iniciativa Liberal (IL). No entanto, pesquisas deste domingo apontam que a IL deve eleger apenas entre 6 a 12 deputados, o que somado com a AD ainda ficaria abaixo da marca de 116 deputados para formar maioria, o que deve levar Montenegro a ampliar o leque de alianças.
O presidente da República, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, já havia avisado antes do pleito que não nomearia um governo que não tenha chances de ter o apoio do Parlamento.
Imigração dominou a campanha
O estado da saúde pública, a crise habitacional, a corrupção e a imigração foram os temas centrais da campanha eleitoral.
A corrupção está na origem do pleito antecipado devido às suspeitas envolvendo a empresa Spinumviva, da família de Montenegro e que ele fundou em 2021, antes de entrar para a política.
Segundo relatos da imprensa, a empresa recebeu pagamentos de empresas onde o primeiro-ministro trabalhou no passado, como a operadora de cassinos Solverde, que atua sob concessão do Estado. A controvérsia levantou suspeitas de um possível conflito de interesses, e o Ministério Público português está investigando o caso.
E embora o combate à corrupção tenha alimentado a retórica anti-establishment do Chega, o próprio partido da ultradireita "tem deputados com problemas com a Justiça", como destacou o jornal Público.
A ascensão do Chega na eleição de 2024, com um forte discurso anti-imigração, levou os principais partidos de Portugal a incluírem em seus programas medidas para limitar a chegada de estrangeiros.
Dados oficiais mostram que há cerca de 1,5 milhão de imigrantes no país, ou 15% da população e quase sete vezes mais do que há sete anos, levantando questões sobre a capacidade dos serviços públicos.
Apesar das diferenças sobre como controlá-la, os partidos concordam que a "imigração regulamentada" é necessária para limitar o número de estrangeiros que obtêm residência em Portugal.
O pleito em Portugal fez parte de um trio de eleições que ocorreu neste domingo na Europa. Eleitores também foram às urnas na Romênia e Polônia.
jps (DW, EFE, ots)