Petismo e lulopetismo são fenômenos políticos importantes para entendermos como chegamos ao bolsonarismo. Há diferença entre ambos. O petismo está ligado ao sentimento de pertencimento ao Partido dos Trabalhadores, construído por meio do sindicalismo, da participação de intelectuais e das comunidades eclesiais de base. Nele há forte noção de grupo, fator fundamental ao crescimento e à militância petistas, mas também à prática da corrupção para implementar um projeto de poder.

O lulopetismo é resultado do enfraquecimento do petismo e cresce após o escândalo do mensalão. É um tipo de proteção utilizada por Lula. Por meio dele, o foco deixa de ser o partido, diretamente envolvido na corrupção atrelada à compra de apoio parlamentar como forma de se manter no Poder, e passa a ser o presidente da República em exercício.

Se Lula já era maior do que o PT, o lulopetismo escancara o líder populista que, para defender-se, divide a sociedade entre “Nós x Eles”, criando bases para posições de intolerância, inclusive através de sites e blogs que se intitulam meios de comunicação isentos, mas que se prestam à descarada propaganda político-partidária. Quando falamos do boslonarismo, de sua conhecida intolerância e do discurso do ódio como método, não podemos nos esquecer
de seu papel de contraponto ao lulopetismo, com práticas bastante semelhantes àquelas utilizadas por apoiadores do governo PT. Para lulopetistas, alguns dos quais ideologicamente cegos, odiar quem não os apoia é um dever.

O lulopetismo é o pai do bolsonarismo? Em parte. Como movimentos populistas, excludentes e demagógicos, são muito parecidos

Igualmente, o bolsonarismo não dialoga com os contrários, a missão é destruí-los. A partir dessa leitura é corretoafirmar que o lulopetismo é o pai do bolsonarismo? Em parte. Correto mesmo é esclarecer que, como movimentos populistas, excludentes e demagógicos, são muito parecidos. Mas o bolsonarismo, embora impulsionado pelo lulopetismo, tornou-se viável por diversos outros fatores. Dentre eles a operação Lava Jato, o impeachment da ex-presidente Dilma, a desunião do chamado centro democrático e até mesmo a facada durante a campanha. Jair Bolsonaro foi eleito por bolsonaristas e antilulopetistas.

As premissas da eleição presidencial de 2018 devem ser lembradas. Esquecê-las trará a falsa impressão de que a alternativa ao bolsonarismo é o lulopetismo. Nada mais equivocado. Democratas, cientes do papel deletério do populismo, precisam se unir para oferecer uma opção. Criar alternativa a esse cenário dantesco é tarefa de todos os setores da sociedade e requer responsabilidade e desprendimento. Promover a união do centro democrático é a grande missão para 2022.