Um míssil disparado pelos rebeldes huthis do Iêmen atingiu o centro de Israel neste domingo (15), sem deixar vítimas, mas aumentando as tensões no Oriente Médio, quase um ano após o início da guerra em Gaza.

“Esta manhã, os huthis lançaram um míssil terra-terra do Iêmen em direção ao nosso território”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertando que os rebeldes “já deveriam saber que cobramos um preço elevado por qualquer tentativa de nos prejudicar”, de acordo com um comunicado de seu gabinete.

Horas antes, o Exército israelense havia indicado que um míssil foi identificado “atravessando o centro de Israel vindo do leste” e que caiu em uma área aberta sem deixar feridos.

Os militares detalharam que o projétil “foi disparado do Iêmen” e que as explosões eram procedentes de seu sistema de interceptação de mísseis.

O porta-voz militar dos huthis, Yahya Sari, declarou que o ataque, realizado com “um novo míssil balístico hipersônico”, tinha como alvo uma posição militar em Jaffa, uma cidade portuária perto de Tel Aviv, e que o projétil atingiu seu alvo já que “as defesas do inimigo não conseguiram interceptá-lo”.

A polícia relatou a queda de “um fragmento de um míssil de interceptação” na região de Shfela, no centro, que não deixou feridos.

As sirenes soaram no região central de Israel antes da chegada dos mísseis e muitas pessoas correram para abrigos em Tel Aviv. Nove delas ficaram levemente feridas enquanto se dirigiam a estes locais, segundo os serviços de resgate israelenses.

Na cidade de Lod, bombeiros atuaram para apagar um incêndio causado pela queda de destroços de um míssil, segundo um fotógrafo da AFP.

– “Inevitável” –

O lançamento do míssil foi elogiado pelo grupo islamista palestino Hamas, que declarou que Israel não estará seguro até parar sua “agressão brutal” na Faixa de Gaza.

“Consideramos isto uma resposta natural à agressão contra o nosso povo palestino (…) Afirmamos que o inimigo sionista não estará seguro até que pare a sua agressão brutal contra o nosso povo na Faixa de Gaza”, afirmou o Hamas em comunicado.

Os rebeldes huthis já haviam lançado um ataque com drones em Tel Aviv em julho, matando um civil.

Em retaliação, aviões de guerra israelenses bombardearam o porto iemenita de Hodeida, controlado por estes insurgentes. O líder dos rebeldes afirmou então que uma resposta a este ataque seria “inevitável”.

Os huthis pertencem ao chamado “eixo de resistência” do Irã, que inclui grupos apoiados por Teerã no Iraque, na Síria e no Líbano.

Desde novembro, lançaram uma onda de ataques a navios ligados a Israel no Golfo de Áden e no Mar Vermelho.

Em meio ao aumento das tensões, o Exército israelense continua sua ofensiva na Faixa de Gaza, onde foram registrados vários bombardeios noturnos e disparos de artilharia, segundo relatos de jornalistas da AFP e da Defesa Civil.

Pelo menos três pessoas morreram e várias ficaram feridas em um bombardeio contra uma casa no acampamento de refugiados central de Nuseirat, segundo a Defesa Civil.

Mais a norte, no acampamento de refugiados de Jabaliya, uma pessoa morreu e três ficaram feridas após um bombardeio atingir uma casa, segundo a mesma fonte.

Neste domingo, um alto funcionário do Hamas disse à AFP que o movimento islamista palestino dispõe de amplos recursos para continuar enfrentando Israel, apesar das perdas sofridas durante mais de 11 meses de guerra em Gaza.

“A resistência tem alta capacidade de continuar”, disse Osama Hamdan à AFP durante uma entrevista em Istambul.

“Houve mártires e houve sacrifícios… mas em troca houve um acúmulo de experiências e o recrutamento de novas gerações para a resistência”, afirmou.

Hamdan denunciou ainda que o governo dos Estados Unidos “não está exercendo pressão suficiente ou adequada” sobre Israel para chegar a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

– Reféns mortos em bombardeio israelense –

A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel que deixou 1.205 mortos, incluindo reféns mortos ou que perderam a vida em cativeiro, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os comandos islamistas sequestram 251 pessoas neste dia. Ainda estão detidos em Gaza 97 reféns, dos quais 33 foram declarados mortos pelo Exército de Israel.

Neste domingo, o Exército israelense indicou que é “muito provável” que três reféns mortos em Gaza em novembro tenham perdido a vida em um de seus bombardeios que buscavam “a eliminação do comandante da brigada norte do Hamas, Ahmed Ghandour”, de acordo com os resultados de uma investigação.

“Os resultados (…) sugerem que é muito provável que os três tenham morrido na sequência de um bombardeio do Exército […] em 10 de novembro de 2023”, informaram os militares israelenses em comunicado, em referência aos soldados Nik Beizer e Ron Sherman e o franco-israelense Elia Toledano.

Segundo a investigação, os três reféns mortos estariam “detidos em um complexo subterrâneo onde Ghandour operava”, sobre o qual o Exército “não tinha informações sobre a presença de reféns” no local.

A campanha militar de Israel já deixou 41.206 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.

Os países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, tentam negociar um cessar-fogo e um acordo de troca de reféns e prisioneiros entre Israel e Hamas, mas as negociações estão paralisadas.

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