Um míssil disparado pelos rebeldes huthis do Iêmen atingiu o centro de Israel neste domingo (15), sem deixar vítimas, mas aumentando as tensões no Oriente Médio, quase um ano após o início da guerra em Gaza.

Os rebeldes huthis do Iêmen já haviam lançado outros ataques contra Israel em solidariedade aos palestinos desde que a ofensiva israelense na Faixa de Gaza foi desencadeada após o letal ataque do Hamas de 7 de outubro.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que os rebeldes pagarão um “preço alto” após seu “tentativa de machucar” Israel.

Um míssil “disparado do Iêmen” caiu em uma área aberta sem causar feridos, informou o Exército israelense. O míssil “provavelmente se desintegrou”, assegurou.

“A conclusão da análise do míssil mostra que ele foi atingido por um interceptador, o que provocou sua fragmentação, mas não foi destruído”, precisou um responsável do Exército à AFP neste domingo.

Os huthis afirmaram que o ataque, realizado com “um novo míssil balístico hipersônico”, visava uma posição militar em Jaffa, uma cidade portuária próxima a Tel Aviv. Segundo o líder Abdel Malek al Huti, o míssil “atravessou” as defesas israelenses.

“O inimigo israelense deve esperar novos ataques”, advertiram.

O Hamas comemorou o ataque dos rebeldes iemenitas, afirmando que Israel “não estará seguro até que pare sua agressão brutal” na Faixa de Gaza.

O ataque dos huthis demonstra os “limites” das defesas israelenses, declarou mais tarde Osama Hamdan, um responsável do movimento islamista palestino.

A polícia israelense reportou a queda de “um fragmento de um míssil de interceptação” na região de Shfela, no centro, que não causou feridos.

As sirenes foram acionadas no centro de Israel antes da chegada dos mísseis e muitas pessoas se apressaram para os abrigos na região de Tel Aviv.

– “Inevitável” –

Os rebeldes huthis já haviam lançado um ataque com drones em Tel Aviv em julho, matando um civil.

Em retaliação, aviões de guerra israelenses bombardearam o porto iemenita de Hodeida, controlado por estes insurgentes. O líder dos rebeldes afirmou então que uma resposta a este ataque seria “inevitável”.

Os huthis pertencem ao chamado “eixo de resistência” do Irã, que inclui grupos apoiados por Teerã no Iraque, na Síria e no Líbano.

Desde novembro, lançaram uma onda de ataques a navios ligados a Israel no Golfo de Áden e no Mar Vermelho, afetando o tráfego marítimo nesta área estratégica para o comércio mundial.

Em solidariedade aos palestinos, assim como os huthis, o Hezbollah libanês abriu uma frente na fronteira com Israel, trocando tiros quase diariamente desde outubro.

Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas de ambos os lados da fronteira.

“Faremos tudo o que for necessário para trazer nossos habitantes para casa em segurança”, declarou Netanyahu neste domingo.

“O status quo não pode durar. O equilíbrio de forças na nossa fronteira norte deve ser alterado”, acrescentou.

– “Grande capacidade” –

No terreno, o Exército israelense continua sua ofensiva na Faixa de Gaza, onde foram registrados vários bombardeios.

Pelo menos 35 pessoas morreram neste fim de semana em todo o território palestino, segundo balanços do Ministério da Saúde da Faixa, da Defesa Civil, do Crescente Vermelho e de fontes médicas.

A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel que deixou 1.205 mortos, incluindo reféns mortos ou que perderam a vida em cativeiro, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os comandos islamistas sequestram 251 pessoas neste dia. Ainda estão detidos em Gaza 97 reféns, dos quais 33 foram declarados mortos pelo Exército de Israel.

Neste domingo, o Exército israelense indicou que é “muito provável” que três reféns mortos em Gaza em novembro tenham perdido a vida em um de seus bombardeios quando estavam “detidos em um complexo subterrâneo” onde operava “o comandante da brigada norte do Hamas, Ahmed Ghandour”, que também morreu, de acordo com os resultados de uma investigação.

A campanha militar de Israel já deixou 41.206 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.

A guerra provocou uma catástrofe humanitária e o deslocamento de quase todos os 2,4 milhões de habitantes do território.

Apesar de os “mártires e os sacrifícios”, o Hamas tem uma “grande capacidade” para continuar a guerra, afirmou Osama Hamdan neste domingo. Ele acusou Washington de não exercer “uma pressão suficiente” sobre Israel para conter a guerra.

Os países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, tentam negociar um cessar-fogo e um acordo de troca de reféns e prisioneiros entre Israel e Hamas, mas as negociações estão paralisadas.

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