15/09/2024 - 14:11
Um míssil disparado pelos rebeldes huthis do Iêmen atingiu o centro de Israel neste domingo (15), sem deixar vítimas, mas aumentando as tensões no Oriente Médio, quase um ano após o início da guerra em Gaza.
“Esta manhã, os huthis lançaram um míssil terra-terra do Iêmen em direção ao nosso território”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertando que os rebeldes “já deveriam saber que cobramos um preço elevado por qualquer tentativa de nos prejudicar”, de acordo com um comunicado de seu gabinete.
Horas antes, o Exército israelense havia indicado que um míssil foi identificado “atravessando o centro de Israel vindo do leste” e que caiu em uma área aberta sem deixar feridos.
Os militares detalharam que o projétil “foi disparado do Iêmen” e que as explosões eram procedentes de seu sistema de interceptação de mísseis.
Os huthis afirmaram que o ataque foi realizado com “um novo míssil balístico hipersônico”, que tinha como alvo uma posição militar em Jaffa, uma cidade portuária perto de Tel Aviv.
“O inimigo israelense deve esperar por novos ataques (…) na véspera do primeiro aniversário da abençoada operação de 7 de outubro”, alertaram.
A polícia relatou a queda de “um fragmento de um míssil de interceptação” na região de Shfela, no centro, que não deixou feridos.
As sirenes soaram no região central de Israel antes da chegada dos mísseis e muitas pessoas correram para abrigos em Tel Aviv.
O lançamento do míssil foi elogiado pelo grupo islamista palestino Hamas, que declarou que Israel “não estará seguro” até parar sua “agressão brutal” na Faixa de Gaza.
O ataque dos huthis mostra as “limitações” das defesas israelenses, declarou Osama Hamdan, um alto funcionário do movimento islamista palestino.
Os rebeldes huthis já haviam lançado um ataque com drones em Tel Aviv em julho, matando um civil.
Em retaliação, aviões de guerra israelenses bombardearam o porto iemenita de Hodeida, controlado por estes insurgentes. O líder dos rebeldes afirmou então que uma resposta a este ataque seria “inevitável”.
Os huthis pertencem ao chamado “eixo de resistência” do Irã, que inclui grupos apoiados por Teerã no Iraque, na Síria e no Líbano.
Desde novembro, lançaram uma onda de ataques a navios ligados a Israel no Golfo de Áden e no Mar Vermelho, afetando o tráfego marítimo nesta área estratégica para o comércio mundial.
Em solidariedade aos palestinos, assimo como os huthis, o Hezbollah libanês abriu uma frente na fronteira com Israel, trocando tiros quase diariamente desde outubro.
Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas de ambos os lados da fronteira.
“Faremos tudo o que for necessário para trazer nossos habitantes para casa em segurança”, declarou Netanyahu neste domingo.
“O status quo não pode durar. O equilíbrio de forças na nossa fronteira norte deve ser alterado”, acrescentou.
No terreno, o Exército israelense continua sua ofensiva na Faixa de Gaza, onde foram registrados vários bombardeios noturnos e disparos de artilharia, segundo relatos de jornalistas da AFP e da Defesa Civil.
Pelo menos três pessoas morreram e várias ficaram feridas em um bombardeio contra uma casa no acampamento de refugiados central de Nuseirat, segundo a Defesa Civil.
Mais a norte, no acampamento de refugiados de Jabaliya, uma pessoa morreu e três ficaram feridas após um bombardeio atingir uma casa, segundo a mesma fonte.
A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel que deixou 1.205 mortos, incluindo reféns mortos ou que perderam a vida em cativeiro, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Os comandos islamistas sequestram 251 pessoas neste dia. Ainda estão detidos em Gaza 97 reféns, dos quais 33 foram declarados mortos pelo Exército de Israel.
Neste domingo, o Exército israelense indicou que é “muito provável” que três reféns mortos em Gaza em novembro tenham perdido a vida em um de seus bombardeios quando estavam “detidos em um complexo subterrâneo” onde operava “o comandante da brigada norte do Hamas, Ahmed Ghandour”, que também morreu, de acordo com os resultados de uma investigação.
A campanha militar de Israel já deixou 41.206 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.
Neste domingo, o alto funcionário do Hamas, Osama Hamdan, disse à AFP que apesar dos “mártires e sacrifícios”, o Hamas dispõe de “alta capacidade de continuar” a guerra, disse durante uma entrevista em Istambul.
Hamdan denunciou ainda que o governo dos Estados Unidos “não está exercendo pressão suficiente ou adequada” sobre Israel para chegar a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Os países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, tentam negociar um cessar-fogo e um acordo de troca de reféns e prisioneiros entre Israel e Hamas, mas as negociações estão paralisadas.
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