Representantes de centrais sindicais que participaram de reunião nesta terça-feira, 12, no Palácio do Planalto, negaram que a presença seja um sinal de apoio ao presidente Michel Temer, alvo de acusações de corrupção. Apesar de terem até posado para fotos ao lado de Temer, líderes da Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) afirmaram que buscam uma saída para a paralisia econômica, mas não dão sustentação política a ele em face de uma segunda denúncia criminal elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Nossa ideia hoje era sair um pouco dessa pauta da corrupção, tentar virar um pouco a página. Nossa preocupação principal é o emprego”, disse o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, presidente nacional da Força Sindical. Segundo Paulinho da Força, a defesa de Temer será tema de outros encontros com a Força e o SD. “Não está aqui só quem aplaude o presidente. Está aqui o presidente da CTB, uma central independente, que tem feito oposição ao governo e fez parte de outro governo.”

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, afirmou que não há contradição em participar de audiências com a administração Temer, apesar de ter feito parte da gestão do PT. Araújo disse que o objetivo é gerar empregos e superar o fracasso econômico e que não compete às centrais sindical defender o Poder Executivo.

“Não é razoável conceber a tese do retrocesso social e político. Estamos irmanados em encontrar um caminho. O governo tem problemas, mas o povo brasileiro também enfrenta problemas. Em nome de uma alternativa, é necessário estabelecer um entendimento. Levar o País ao caos, a uma situação de colapso não agrada a ninguém”, disse.

Ele disse que cabe ao Executivo responder a “debilidades” e defendeu uma agenda emergencial para acelerar, por exemplo, acordos de leniência com empresas flagradas em corrupção. “Estamos diante de um quadro de instabilidade política. Não seria o momento de destravar? Sobretudo, potencializando ações dos equipamentos que estão paralisados por decorrência da criminalização da política. Para nós, não interessa esse clima.”

O presidente da UGT, Ricardo Pattah, do PSD, legenda da base de Temer, afirmou que a pauta mais importante do País hoje é “colocar o pão na mesa dos desempregados”. Pattah afirmou que a participação não significa apoio ao presidente e que a agenda da reunião não era partidária.

“Quanto mais se debate, exclusivamente, certas questões, eliminando possibilidade de crescimento, vamos entrar cada vez mais num buraco maior. Temos eleições muito próximas e 2018 vai apontar caminhos que a sociedade deseja, sem corrupção e com emprego.”