Centenas de famílias sudanesas fugiram de um subúrbio próximo à capital Cartum neste sábado (7), após a intensificação dos combates entre o Exército e as forças paramilitares nas imediações de uma base militar, disseram testemunhas à AFP.

As Forças de Apoio Rápido (FAR) atacaram na quarta-feira a grande base na cidade de Bahri, ao norte da capital. A base, chamada Hattab, permaneceu sob controle do Exército desde o início da guerra civil do Sudão, em abril de 2023.

“Desde esta manhã (sábado), o Exército utiliza artilharia contra o sul da base de Hattab, enquanto aeronaves militares sobrevoam a área”, disse uma testemunha à AFP.

Ao mesmo tempo, os paramilitares das FAR “atacaram casas ao sul da base de Hattab, capturando cidadãos e matando outros”, disse um morador, Nasr el Din, que preferiu não revelar seu sobrenome por motivos de segurança.

“Centenas de famílias estão seguindo para o norte desde a manhã, carregando seus pertences na cabeça” para escapar dos combates, acrescentou ele, o que foi confirmado por outra testemunha que pediu anonimato.

A guerra entre o Exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e as FAR, lideradas por seu ex-auxiliar Mohamed Hamdane Daglo, deixou dezenas de milhares de mortos e provocou o deslocamento de mais de 10 milhões de pessoas, muitas delas para países vizinhos, de acordo com a ONU.

Na sexta-feira, especialistas da ONU nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos pediram o “envio imediato” de uma força “independente e imparcial” para proteger os civis, já que a guerra também provocou uma grave crise humanitária.

De acordo com os especialistas, os combatentes sudaneses “cometeram uma série terrível de violações de direitos humanos e crimes internacionais, muitos dos quais podem ser qualificados como “rimes contra a humanidade”.

O diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, iniciou uma visita de dois dias neste sábado a Port Sudan (leste), a atual sede do governo, depois que as autoridades foram expulsas de Cartum.

De acordo com um correspondente da AFP no local, Ghebreyesus se reuniu com autoridades sudanesas e pretendia para visitar as instalações de saúde.

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