Ao menos 260 corpos foram encontrados no local que sediava um festival de música em Israel que foi um dos alvos do ataque terrorista do grupo Hamas no sábado (07/10). Segundo a imprensa israelense, serviços de emergência se depararam com centenas de cadáveres no deserto de Negev, no sul de Israel, perto da Faixa de Gaza, o enclave palestino controlado pelo Hamas.

O local sediava o Supernova Sukkot, parte da turnê mundial do Universo Paralello, um festival de música eletrônico criado originalmente no Brasil nos anos 2000. No sábado, o festival, que reunia milhares de pessoas, foi interrompido pela chegada de dezenas de homens armados, alguns em motocicletas, que penetraram pelas cercas da fronteira com Gaza.

Entre os participantes do festival estavam vários brasileiros. Em publicações no Instagram, o carioca Nathan Obadia, de 30 anos, um dos brasileiros que estavam presentes, disse que ele foi alvo de uma “rajada de tiros” por cerca de 15 a 20 minutos durante o ataque.

Já o brasileiro Rafael Zimerman ficou ferido com estilhaços de granadas durante o festival. Outros três brasileiros que estavam no local – Bruna Valeanu, Ranani Nidejelski Glazer e Karla Stelzer Mendes –, continuam desparecidos, segundo o Itamaraty.

Vários vídeos mostraram centenas de pessoas fugindo do festival enquanto eram alvos de tiros. “Eles iam de árvore em árvore e atirando. Em toda parte. Dos dois lados. Vi que as pessoas estavam morrendo por toda parte”, disse uma testemunha do massacre à rede BBC.

Os terroristas também raptaram várias pessoas no festival. Várias vítimas foram levadas para Gaza. Um vídeo mostrou terroristas desfilando com o corpo de uma mulher nua no compartimento de carga de um veículo. Não estava claro se ela estava morta ou inconsciente. Segundo a imprensa da Alemanha, suspeita-se que a vítima seja Shani Louk, de 22 anos, uma cidadã alemã que participava do festival de música atacado pelos terroristas.

A organização do festival, criado pelo DJ brasileiro Juarez Petrillo, lamentou o ataque em uma publicação nas redes sociais neste domingo. “Estamos consternados, chocados e assustados com tudo que aconteceu e deixamos explicitamente a nossa revolta e nossos sentimentos às vítimas desse ataque perverso”, escreveu no perfil da Universo Paralello. A organização também comentou críticas sobre o local escolhido para o evento, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza, afirmando que “Israel é reconhecida mundialmente por grandes eventos de música eletrônica, e o local é conhecido por receber diversos deles, tendo, no dia anterior, acontecido um festival com mesmo perfil no mesmo local”.

Número de mortos em Israel passa de 700

O número de israelenses mortos no ataque surpresa do Hamas no sábado (07/10) continua a subir de maneira dramática mais de 24 horas após o início da sangrenta e ousada ofensiva do grupo palestino. Neste domingo (08/10), serviços de emergência de Israel informaram que o total de mortos do lado israelense já passa de 700. Mais 2.300 pessoas ficaram feridas e foram levadas a hospitais.

O ataque já é um dos eventos mais graves da história israelense. O último grande episódio comparável, a sangrenta Segunda Intifada, no início dos anos 2000, deixou mais de 1.000 israelenses mortos, mas ao longo de um período de quatro anos de conflito aberto com os palestinos. Na Guerra do Yom Kippur, em 1973, mais de 2.500 militares israelenses morreram ao longo de duas semanas de conflitos com a Síria e o Egito.

Já as centenas de mortes israelenses no ataque do Hamas foram registradas em apenas um dia. E, embora instalações militares tenham sido atacadas no sábado, a maioria das vítimas do Hamas são civis.

O ataque do Hamas teve como espinha dorsal a infiltração de centenas de terroristas armados em território israelense, que penetraram por pelo menos 29 pontos na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza. Dentro de Israel, os terroristas chegaram a tomar 22 comunidades, passando a massacrar a população civil, em alguns casos indo de casa em casa para matar seus ocupantes.

Entre as vítimas israelenses estão civis – incluindo idosos e crianças –, trabalhadores de serviços de emergência e dezenas de policiais, militares e bombeiros.

De acordo com o jornal israelense Haaretz nas listas provisórias de mortos constam vítimas com idades entre 5 e 12 anos, algumas da mesma família. Na cidade de Ofakim, o paramédico Aharon Haimov foi morto enquanto dirigia uma ambulância. Ele deixa dois filhos.

alando ao Israel N12 News por telefone de Nir Oz, um kibutz perto de Gaza, uma mulher identificada como Dorin disse que terroristas invadiram sua casa e tentaram abrir a porta do abrigo antiaéreo onde ela estava escondida. “Eles acabaram de entrar novamente, por favor, mandem ajuda”, disse ela. “Há muitas casas danificadas… Meu marido está segurando a porta fechada… Eles estão atirando”, disse ela.

“Saí e vi muitos corpos de terroristas, civis, carros alvejados. Um mar de corpos, ao longo da estrada, em outros lugares, montes de corpos”, disse um morador de Sderot.

Dezenas de sequestros

Paralelamente aos ataques a tiros contra militares e civis, os homens do Hamas também tomaram dezenas reféns. Vídeos mostraram homens armados capturando civis e militares israelenses, incluindo mulheres e idosos, que foram levados para a Faixa de Gaza.

Um vídeo mostrou terroristas arrastando pelo menos dois soldados israelenses de um veículo militar. Fotos da Associated Press mostraram uma idosa israelense sequestrada sendo levada à Gaza em um carrinho de golfe por homens armados do Hamas e outra mulher espremida entre dois combatentes em uma motocicleta.

O número total de capturados é desconhecido. A imprensa israelense especula que o número possa passar de 130, o que deve complicar potenciais planos das Forças Armadas de Israel para intervir por terra na Faixa de Gaza.

“São números até agora inimagináveis”, disse o tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI). “Isso moldará o futuro desta guerra.”

No passado, grupos palestinos já usaram reféns como moeda de troca para exigir a libertação de militantes detidos por Israel. Em 2011, Israel concordou em soltar mais de mil prisioneiros palestinos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, que ficou cinco anos em poder de diferentes grupos militantes na Faixa de Gaza.

Os homens do Hamas levaram ainda cadáveres de israelenses para Gaza, aparentemente não apenas para exibi-los como troféus de guerra, mas potencialmente para também usá-los como moeda de troca. Em 2007, o grupo xiita libanês Hisbolá, trocou o cadáver de um israelense por um prisioneiro em poder das forças de Israel.

Retaliação deixa centenas de mortos em Gaza

Após o início dos ataques, Israel realizou centenas de incursões aéreas na Faixa de Gaza para destruir alvos do Hamas. Segundo serviços de saúde do enclave, os ataques já deixaram mais de 400 mortos – incluindo 20 crianças. Outras 2.200 pessoas ficaram feridas até o momento, segundo as autoridades locais.

Há o temor que as baixas em Gaza aumentem ainda mais nas próximas horas, especialmente após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertir que os palestinos que moram próximos de potenciais alvos deixem essas áreas. No entanto, o espremido, empobrecido e superpopuloso enclave de 2,3 milhões de habitantes, alvo de um bloqueio tanto por Israel quanto pelo Egito, oferece poucas opções de saída ou proteção