O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 30, o resultado da Pesquisa de Estabilidade Financeira (PEF), realizada trimestralmente junto às instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Na comparação com a pesquisa anterior, o cenário externo passou a ser o principal risco para a estabilidade financeira, superando a situação fiscal do País.

“Os riscos advindos do cenário internacional passaram a ser preponderantes, impulsionados pela visão de taxa de juros elevada por período mais prolongado nos EUA, pela subida das taxas das US Treasuries e pela eclosão do conflito no Oriente Médio”, destacou o BC, no documento.

Mesmo perdendo o primeiro posto na pesquisa, os riscos fiscais – relacionados ao resultado das contas públicas e à evolução da dívida – continuaram como relevantes.

“Os riscos de inadimplência e atividade econômica apresentaram nova queda, com redução das citações e da probabilidade média atribuída, refletindo o comportamento positivo da atividade econômica e a redução da taxa de inadimplência em alguns segmentos de crédito”, acrescentou o BC. “Houve aumento do impacto esperado médio agregado dos riscos, puxado pelo cenário internacional”, completou a autoridade monetária.

Na parte da pesquisa sobre os ciclos econômico e financeiro, a melhora na percepção sobre o ciclo econômico verificada na pesquisa anterior foi revertida parcialmente. O BC destaca o aumento da porcentagem de respostas que avaliam que a economia está em contração. Também houve redução entre aqueles que consideram que a atividade está em recuperação

“A situação do hiato da relação crédito/PIB é avaliada de forma bastante heterogênea entre as instituições. O grau de alavancagem das empresas é percebido majoritariamente como elevado, com tendência de estabilidade. Já o grau de alavancagem das famílias é percebido como elevado pela grande maioria dos respondentes, mas com o aumento da participação de respondentes que avaliam que há uma tendência de queda”, apontou o BC.

A PEF mostra ainda que o acesso a funding e meios de liquidez continua sendo avaliado pelos bancos como elevado e estável. Além disso, a disposição das instituições financeiras para tomar risco se mantém baixa. Por fim, a percepção sobre os preços de ativos em relação aos fundamentos da economia passou a ser majoritariamente de estabilidade, reduzindo a avaliação de tendência de alta.

“A confiança na estabilidade do SFN continua elevada, com o índice de confiança próximo das máximas históricas. A maioria dos respondentes esperava e sugeria que o valor do Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) fosse mantido na reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) de novembro, como efetivamente ocorreu”, concluiu o BC.