Cemig: endividamento líquido cresce 12% e alcança R$ 13,14 bilhões

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) encerrou 2016 com um endividamento líquido de R$ 13,139 bilhões, 12% acima dos R$ 11,7 bilhões anotados no fechamento de 2015. Com o crescimento, a dívida líquida superou o patrimônio líquido em 31 de dezembro de 2016, que era de R$ 12,934 bilhões, portanto a relação entre os dois indicadores ficou em 102%, acima dos 90% anotados em 2015.

Já a alavancagem, medida pela relação dívida líquida/EBITDA indica que são necessários 4,98 anos de geração de caixa operacional (EBITDA) para quitar o saldo devedor, acima dos 2,1 anos anotados em 2015, superando os convenants estatutários, que estabelecem que o indicados não deve ser superior a duas vezes.

Não por acaso, o conselho de administração da companhia convocou uma Assembleia Geral de Acionistas para analisar uma proposta relativa à nova ultrapassagem de covenants em 2017. Os problemas não param por aí. A dívida total consolidada de R$ 15,18 bilhões tem cronograma de amortizações com prazo médio de 2,8 anos. Ou seja, mais da metade das dívidas têm vencimento entre este ano e o próximo, sendo R$ 4,837 bilhões em 2017. Com isso, ao final de dezembro passado, o passivo circulante consolidado da Cemig excedeu o ativo circulante consolidado em R$ 3,162 bilhões.

Somente os vencimentos no primeiro trimestre somavam R$ 783 milhões, enquanto adicionais R$ 1,017 bilhão vencem até junho e outros R$ 2,458 bilhões estão concentrados nos últimos três meses deste ano. Em relatório, a companhia destacou que em fevereiro sua geradora Cemig GT amortizou integralmente a 1ª série da 3ª emissão de debêntures, no valor de R$ 553 milhões (principal, acrescidos de juros) e também pagou os juros da 2ª e 3ª séries da 3ª Emissão de debêntures no valor de R$ 76 milhões, com recursos próprios. Mas os desafios para a resolução dos problemas financeiros da companhia ainda são muito grandes, conforme admite a própria empresa. “Ainda temos um volume relevante de dívidas com vencimento nos próximos dois anos, mas já estamos implementando iniciativas que visam o alongamento do perfil de endividamento e buscando a redução do custo de captação de recursos”, disse a administração da estatal, em mensagem aos acionistas.

“Temos a expectativa que o 2017 represente uma mudança de ciclo, um ambiente macroeconômico mais favorável, com aumento na confiança dos investidores e da sociedade, com a consequente melhoria no ambiente de investimentos. Essa expectativa já se materializa na redução nas taxas de juros, o que traz benefícios na diminuição do custo financeiro da nossa dívida e também melhora a expectativa com relação às condições financeiras das rolagens e captações de recursos futuras”, acrescentou. Segundo a diretoria, a expectativa é de que nos próximos anos a companhia possa voltar a atingir o nível de endividamento previsto no Estatuto Social.