Jair Bolsonaro pediu, de forma absurda, o impeachment de Alexandre de Moraes por uma simples razão. O ministro do STF conduz quatro inquéritos contra o presidente no tribunal, que podem lhe render pelo menos 60 anos de prisão. O pavor de ser preso atormenta o ex-capitão. Mas, dificilmente, isso acontecerá durante o mandato. Para ser preso agora, a PGR teria que denunciá-lo, e Augusto Aras não o fará. Em segundo lugar, mesmo que isso acontecesse, a Câmara teria que aprovar a denúncia, e Arthur Lira não permitirá. Depois que deixar o governo, sim. Ele não terá mais a imunidade do cargo e será processado pela justiça comum: uma condenação não está descartada, já que os crimes dos quais é acusado passam das dezenas. Não é por outra razão que o ódio dele por Moraes é mortal.

Inquéritos

Bolsonaro responde a cinco investigações. No inquérito 4831, que trata da interferência na PF, as penas somam 12 anos. No inquérito 4875, por prevaricação no caso da Covaxin, a pena é de 1 ano. No inquérito 4878, por vazamento de inquérito sigiloso, a pena é de 4 anos. Já no inquérito 9842 é investigado por 11 crimes, com penas de 40 anos.

TSE

Fora os crimes puníveis pelo código penal, Bolsonaro é investigado também no TSE. Lá, o presidente é alvo de duas ações para apurar crimes de uso do poder econômico na campanha de 2018, que podem levá-lo à inelegibilidade e perda do cargo. Na CPI da Covid, será denunciado no relatório final por crimes que correspondem a 55 anos de prisão.

Um homem magoado

Marcos Oliveira

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) é um poço até aqui de mágoas. Ainda não perdoou Bolsonaro por não ter ajudado seu irmão a se eleger prefeito de Macapá; não se conformou com a falta de empenho do governo na sua reeleição à presidência do Senado; e reclama do mandatário não ter lhe dado um ministério. Moral da história: como presidente da CCJ, ele se recusa a marcar a sabatina de André Mendonça.

Retrato falado

“Bolsonaro não consegue associar goiaba com goiabeira” (Crédito:Geraldo Magela)

José Anibal, que acaba de assumir a vaga de José Serra no Senado, licenciado para tratamento de saúde, disse à Folha que o presidente da República faz um governo desastroso e é incapaz de continuar conduzindo o País. Por isso, entende que o PSDB não pode continuar com postura ambígua. “Aquele papo de que somos contra o governo, mas apoiamos bons projetos não dá mais. Não há nenhum bom projeto. Ou superamos isso ou não vamos construir a terceira via”, explica.

Toma lá dá cá

Clarissa Garotinho, deputada pelo Pros-RJ (Crédito:André Luís Abrahão)

A insistência do presidente em pedir o impeachment dos ministros do STF pode desestabilizar a relação entre os Poderes?
É importante que os Poderes trabalhem em harmonia. O que vemos é uma interferência indevida dos Poderes em responsabilidades constitucionais dos outros.

A senhora acredita que as urnas eletrônicas são seguras?
Propomos mecanismos mais confiáveis de auditoria. Mais segurança não ameaça a democracia. E não acredito que isso seja para justificar uma derrota do presidente. Afinal, a eleição será muito disputada.

Acredita que a democracia corre riscos?
Na minha opinião, a democracia não corre riscos. Aperfeiçoá-lá faz parte e esse debate normalmente é bastante acalorado.

Sinal amarelo

A economia dá sinais de que teremos um 2022 tenebroso. Na semana passada, os executivos das 42 maiores instituições financeiras se reuniram com dirigentes do Banco Central e mostraram preocupações com as perspectivas para o futuro. O risco fiscal, a crise política provocada pelas constantes ameaças de golpe e a persistência da inflação em alta estão levando a um cenário de baixo crescimento para 2022. Os bancos estão prevendo crescimento de 2,04%, quando antes estimavam um PIB de 2,5%. Já há economistas calculando uma elevação de no máximo 1,5%. Diante disso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, diz que há “ruídos domésticos” a afetar o desempenho econômico.

Quadro negro

Diante da derrocada da política econômica, os executivos dos bancos já estão prevendo um ano turbulento em 2022. Além de um PIB menor, a inflação deverá ser maior e a taxa Selic poderá chegar a 7,5%. O ambiente para os negócios está turvo e o pessoal da Faria Lima está à beira de um ataque de nervos.

A derrota de Allan

ISTOÉ derrotou Allan dos Santos no STF. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu o processo que tramitava na 7ª Vara Cível de Brasília, no qual este colunista havia sido condenado a indenizar o blogueiro por supostamente divulgar fatos inverídicos contra ele, sobretudo os que mostravam que ele recebeu dinheiro da Secom para promover o governo.

Mateus Bonomi

A verdade dos fatos

O ministro considerou que os inquéritos 4828 e 4781, do STF, “comprovaram a verdade dos fatos denunciados”. A ação foi patrocinada pelos advogados Igor Sant’Anna Tamasauskas, Otávio Mazieiro e Pierpalo Bottini. Allan, aliás, tem sofrido inúmeros reveses na Justiça: terá que explicar, por exemplo, a origem dos R$ 109 mil enviados para os EUA.

Tá ruim, mas vai piorar

CARLOS MOURA

Se Bolsonaro acha que a situação está difícil no STF, em 2022 as coisas vão piorar mais. No ano que vem, durante as eleições, o ministro Alexandre de Moraes assumirá a presidência do TSE. Em setembro, a ministra Rosa Weber dirigirá o STF no lugar de Luiz Fux e ela não tem sido nada amistosa com o presidente. Em 2023, quem assume o STF é Luís Roberto Barroso.

Rápidas

* O pedido de impeachment de Alexandre de Moraes não tem a mínima chance de prosperar, a começar pelo fato de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já ter dito não antever fundamentos para o afastamento do ministro do STF. “Não vamos desunir o País”, disse.

* Para conter a evasão escolar, o governador João Doria decidiu pagar uma bolsa de estudos para 300 mil estudantes do ensino médio mais vulneráveis no valor de R$ 1.000 por ano, divididos em parcelas mensais.

* Guedes jogou a toalha quanto à reforma tributária. Diante da perspectiva de que os deputados alterem o Imposto de Renda e taxem mais as empresas, o ministro diz que “se for para piorar, é melhor não fazer reforma alguma”.

* O projeto de Bolsonaro de reduzir os preços dos combustíveis naufragou. Um litro de gasolina está custando mais de R$ 7,00. Em Tocantins, o preço chega a R$ 7,36, no Rio Grande do Sul a R$ 7,18 e no Rio, a R$ 7,05.