O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello cumprimentou o presidente da corte, Luiz Fux, por sua vacinação contra o coronavírus nesta sexta-feira, 2. O ex-decano elogiou a postura de Fux ao defender a ciência e ressaltou que, ‘na situação caótica a que foi irresponsavelmente lançado o Brasil’, a vacina significa a ‘própria exaltação da vida’.

“Parabéns por seu gesto que rejeita, de modo expressivo, aos olhos da Nação, práticas negacionistas irresponsáveis e que repudia, com a elevada autoridade do seu cargo de Chefe nominal do Poder Judiciário nacional, o grito necrófilo, desprezível e infame de mentes obscurantistas que absurdamente cultuam a morte em paradoxal detrimento da preservação da saúde e da intangibilidade da vida de nossos cidadãos”, escreveu Celso de Mello em mensagem enviada a Fux e obtida pelo Estadão.

Com 67 anos, o presidente do STF recebeu a primeira dose da vacina contra o coronavírus na sede do Museu da Justiça, no Centro Cultural do Poder Judiciário (CCMJ), na região central do Rio. Na saída, afirmou: “Hoje é um dia importante, porque na qualidade de homem público eu transmito o exemplo de ter tomado a primeira dose da minha vacina. Nós, do Judiciário, temos uma profunda deferência à ciência. Por isso é que dizemos sim à ciência e não à morte. Sim à vida e não à morte”.

Além de Fux, outros dois ministros do STF já foram vacinados – Marco Aurélio Mello e Rosa Weber. Entre os chefes de poderes, o presidente do Supremo é o primeiro a ser imunizado contra a covid-19.

O início da vacinação para pessoas acima de 66 anos no Distrito Federal neste sábado abriu a possibilidade para que o presidente da República, Jair Bolsonaro, também receba o imunizante contra a covid-19. Em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta, 1º, ele disse que ainda irá decidir se vai se vacinar ou não.

“Está uma discussão agora que eu vou me vacinar ou não vou vacinar. Eu vou decidir. O que eu acho: eu já contraí o vírus”, comentou em transmissão ao vivo nas redes sociais hoje. “Eu acho que o que deve acontecer, depois que o último brasileiro for vacinado, sobrando uma vacina, daí eu vou decidir se vacino ou não. Esse é um exemplo que um chefe tem que dar”, disse.

Mesmo com o registro de casos de reinfecção e novas variantes – além do fato de a vacina ser uma importante ferramenta coletiva de saúde pública – o presidente já chegou a dizer que não tomaria o imunizante porque já havia contraído o coronavírus. Também foi contrário à obrigatoriedade da vacina.

Além disso, Bolsonaro já questionou a eficácia e segurança das vacinas contra a covid-19 em diferentes momentos – até depois de imunizantes receberem o aval da Agência de Vigilância Sanitária.

O governo federal ainda recusou ofertas de vacinas no ano passado. Não respondeu a ofertas feitas pela Pfizer e afirmou que não compraria a Coronavac. Em dezembro, Bolsonaro chegou a afirmar que “a pressa da vacina não se justifica” porque a pandemia estaria “chegando ao fim”.