25/11/2024 - 17:53
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que os exportadores brasileiros seguem enfrentando gargalos logísticos devido à falta de infraestrutura adequada para cargas conteinerizadas nos portos do Brasil. “Em 2024, os múltiplos atrasos e alterações constantes de escala de navios para exportação, além de frequentes rolagens de cargas, fizeram com que o País acumulasse 1,717 milhão de sacas – 5.203 contêineres – do produto não embarcadas até outubro”, disse a entidade em nota, considerando levantamento junto a exportadores associados.
“Com um preço médio FOB de exportação de US$ 285,21 por saca (café verde) e a média do dólar em R$ 5,6235 em outubro, o não embarque dessas sacas de café implica que o País deixou de receber, nos 10 primeiros meses de 2024, US$ 489,72 milhões, ou R$ 2,754 bilhões, como receita cambial”, afirma.
O cálculo da entidade é de que os exportadores de café acumulam um “prejuízo portuário” de R$ 6,986 milhões no acumulado deste ano, que envolvem gastos extras com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates. Para o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, a infraestrutura portuária brasileira vem apresentando esgotamentos e é urgente que sejam adotadas medidas para melhorar as condições, com foco em eficiência e competitividade, aos exportadores.
“É premente a necessidade da ampliação da capacidade de pátio e berço, bem como o aprofundamento de calado para que seja possível o recebimento de maiores embarcações”, explica na nota.
Além disso, o diretor técnico do Cecafé também aponta a necessidade de se investir em rodovias, ferrovias e hidrovias para estimular a diversificação de modais. “Isso possibilitará um giro mais dinâmico da carga nos portos, de maneira que todo esse conjunto de iniciativas permita o melhor escoamento das safras brasileiras, principalmente as conteinerizadas”, explica.
Segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 69% dos navios, ou 218 de um total de 317 porta-contêineres, tiveram atrasos ou alteração de escalas para exportar café, nos principais portos do Brasil, em outubro deste ano. O prazo mais longo de espera no mês passado foi de 58 dias, registrado em Santos (SP). “Além disso, 23 navios sequer tiveram abertura de gate, o que contribuiu para o não embarque das 1,7 milhão de sacas (5.203 contêineres) e o milionário prejuízo aos exportadores”, diz o Cecafé.