O índice de alteração de escalas e atrasos de navios com café no Porto de Santos (SP) ficou em 78% em maio, contabilizando 97 porta-contêineres que adiaram o embarque pelo principal terminal exportador brasileiro. Em abril, o porcentual foi de 80%.

O índice de alteração na escala dos navios do complexo portuário do Rio de Janeiro foi de 44% no mês passado, segundo dados do mais recente Boletim Detention Zero (DTZ), desenvolvido em parceria pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a startup de tecnologia no segmento logístico ElloX Digital, divulgado nesta terça-feira (18).

O maior prazo apurado foi registrado nos terminais cariocas, com 24 dias entre a abertura do primeiro até o último deadline. Conforme comunicado do Cecafé, o cenário é de limitações estruturais e fiscais nos dois maiores portos do Brasil.

“Esses resultados nos dois principais complexos exportadores dos cafés do Brasil reforçam as limitações de infraestrutura e a falta de espaços físicos nos portos de Santos e Rio de Janeiro”, disse o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, em nota. Ainda conforme ele, isso contribui para os atrasos de navios e alterações de deadlines. “Isso gera custos extras e não previstos às empresas exportadoras com armazenagem adicional e detentions.”

Heron destaca ainda que essas limitações, “as quais reduzem a dinâmica e a celeridade na movimentação de cargas”, também são observadas em diversos outros portos do Brasil, “o que sobrecarrega e contribui para os atrasos nos principais portos embarcadores do café”.

De acordo com o Boletim DTZ, o índice de atrasos de navios para exportação do produto no complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), responsável por 27% dos embarques no acumulado de 2024, foi de 44%; em Paranaguá (PR), de 49%; em Salvador (BA), de 32%, e em Vitória (ES), de 37%. No compilado geral, 216 navios para exportação de café, ou 54% de um total de 402 porta-contêineres, tiveram atrasos em maio.

Outro dado crítico apontado pelo Boletim DTZ é a continuidade do curto período de abertura de gates no Porto de Santos, que é o tempo que o exportador dispõe para entregar seus carregamentos, originados no interior do País, em cumprimento ao deadline de carga estabelecido pelos terminais nos portos.

No mês passado, apenas 9% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios no Porto de Santos, o menor índice registrado desde o início do levantamento, em janeiro de 2023. Outros 56% tinham entre três e quatro dias e 35% tiveram menos de dois dias. Os dados também apontam que 32 navios nem sequer tiveram uma abertura de gate em maio.