Jovens que afirmam terem sido vítimas de um suposto mestre espiritual no Ceará chamado Pedro Ícaro de Medeiros, conhecido como Ikky, começaram a prestar depoimentos no 26º Distrito Policial. De acordo com a polícia, até o fim da noite de segunda (20) foram 11 depoimentos colhidos. As informações são do G1.

Para a jurista Thayná Silveira, o número tende a aumentar nos próximos dias. Segundo ela, ao menos 50 jovens teriam sofrido algum crime cometido pelo guru. As vítimas esperam que Ikky seja preso preventivamente.

“Nos próximos dias mais 40 pessoas devem ir depor. Quando saiu a reportagem do Fantástico mais uma pessoa falou comigo afirmando ter sido abusada sexualmente por ele dos 14 aos 18 anos de idade. Ela disse ter vivido um inferno e sofrido muitas ameaças. Esperamos o desenrolar da investigação e que o Ministério Público ofereça denúncia”, disse Thayná ao G1.

Relembre o caso

No último domingo (19), o ‘Fantástico’ exibiu uma matéria em que diversos jovens, na maioria da faixa dos 20 anos, denunciam Ikky. Segundo a reportagem, Ícaro liderava uma seita e vendia cursos de terapia para os jovens, mas não possuía formação para isso.

Além disso, o ‘Fantástico’ entrevistou alunos da seita que acusam Ícaro de estupro. “Eu estava chorando e sangrando e esperava humanidade dele. Mas ele tirou minha blusa e pois na minha boca para eu parar de chorar e ele continuar a abusar de mim”, disse um dos mais de 200 alunos dos supostos cursos.

As acusações também miram a prática de estelionato. Segundo a recepcionista Pamela Magalhães, a única a mostrar o rosto em entrevista ao Fantástico, “a cada semestre ele aumentava o valor desses cursos, tanto que quando eu entrei era R$ 50 e quando eu saí um determinado curso já era R$ 1.500”.

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Ainda de acordo com as denúncias, o ritual de batismo deixava cicatrizes. O batismo das pessoas era feito com água do chuveiro da casa dele e quem agisse com ‘rebeldia’ era queimado na nuca com pedra quente. Já quem subia na hierarquia passava por provas violentas, como troca de tapas.

À reportagem, Ícaro se defendeu dizendo que sentiu um preconceito por ser negro e gay e nega os crimes dos quais é acusado. “Não era imposição. Quem não queria [transar com ele], não fazia”, afirmou.

O Ministério Público do Ceará abriu inquérito para apurar os crimes de lesão corporal, estupro, curandeirismo e charlatanismo.


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