CE: Adolescente é confundida com pedinte e barrada em shopping

 TV Verdes Mares/Reprodução
Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

A adolescente Mel Campos, de 16 anos, foi impedida de entrar em um shopping, em Fortaleza (CE), na quarta-feira (22). De acordo com a jovem, uma segurança do local teria pensado que a adolescente fosse uma pedinte.

“Ela [a segurança] disse que eu não podia estar pedindo dinheiro ali e eu não entendi. Eu questionei ‘[a padaria] está fechada? Não pode mais fazer pedido?’. Aí, ela disse ‘não, não pode pedir aqui dentro’, aí eu entendi o que ela estava querendo dizer”, contou Mel, em entrevista ao CE2, da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo.

Para o pai da adolescente, o defensor público Adriano Leitinho, a filha foi vítima de racismo. Ele acionou a Delegacia da Defesa da Criança e do Adolescente e registrou uma notícia-crime.

“Minha filha foi para a Portugália [padaria] para comer. Fiquei de encontrar com ela lá. Quando ela ia entrando, a segurança a abordou dizendo que ela não poderia ficar pedindo ali no shopping”, disse o defensor.

Conforme a jovem, após ter que explicar para a segurança que estava ali para comprar, a segurança pediu desculpas e liberou a entrada.

“A segurança tratou a minha filha como pedinte apenas por ser negra, ligando a cor à pobreza, o que é inadmissível e é racismo. Minha filha estava voltando do jiu jitsu de kimono, com sua mochila nas costas. Não estava pedindo nada a ninguém. E mesmo se estivesse não justificava a abordagem racista e discriminatória”, disse o pai.

Procurada pela TV Verdes Mares, a gerente do Shopping Pátio Portugaleria, Lúcia Alves, reconheceu o episódio e disse que se desculpou com o pai e a adolescente. Ela informou ainda que a segurança do local pediu demissão na quinta-feira (23).

Em nota, a Padaria Portugália informou que a profissional de segurança que barrou a adolescente não faz parte do quadro do estabelecimento. “A profissional, que fica na área externa da loja, é contratada do centro comercial do qual a padaria é apenas lojista. Não temos qualquer conhecimento ou ingerência sobre a contratação e treinamento dos profissionais que atuam no centro comercial”, acrescentou.